Este embate que se travou a partir da não permissão a jornalistas biógrafos de escreverem perfis de personalidades culturais e políticas, sem a devida autorização da parte biografada, ganha contornos de uma agressividade que não se sabe aonde chegará. Esta semana a produtora Paula Lavigne, ex-mulher de Caetano e presidente da instituto Procure saber que agrega artistas como o próprio Caetano, Chico, Gil, Milton, Djavan, Erasmo entre outros, nesta luta contrária às biografias, quase foi às vias de fato com a jornalista Bárbara Gancia, da Folha, no programa Saia Justa da GNT.
Ontem foi a vez do jornalista Mário Magalhães responder a um artigo
de Chico, publicado em O Globo,
cujos fragmentos transcrevo abaixo:
"Quando você lançou a obra-prima “Apesar de
você”, o ditador Médici presidia o Brasil. Era um tempo em que agentes
públicos torturavam milhares de pessoas. Hoje, para biografar o general, só com
autorização dos herdeiros. Dá para pensar no rame-rame laudatório que eles
exigiriam?
No seu elegante artigo “Penso eu”, generoso com meu livro “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo”, você menciona,
sem título, uma biografia do Cabo
Anselmo. Conheço três obras focadas no infiltrado que entregou a mulher
grávida para repressores da ditadura a matarem (ela se chamava Soledad, e não Consuelo; todos tropeçamos, não somente os biógrafos).
Biografias são reportagens, que constituem
gênero do jornalismo. Pagar royalties a personagens descaracteriza biografias
não autorizadas. Você propõe mesmo dar uns caraminguás aos netos do Médici? Se defende que as filhas do Garrincha recebam pelo trabalho árduo
do biógrafo, já pensou em remunerá-las, por ter citado o Mané junto com Pelé, Didi,
Pagão e Canhoteiro? “O futebol”, sua música, não tem também
“fins comerciais”? A imprensa de “fins comerciais” publica perfis. Devemos
reeditar a censura de outrora ou persistir no bom combate a ela?
Chico, perdoe o tom. Você
merece interlocutores do “tempo da delicadeza” evocado em “Todo o sentimento”.
Aceite um abraço e o carinho deste fã irrevogável."
Fotomontagem: Blog vi o mundo
Amigo Bazo, entendo que biografia autorizada só interessa ao biografado. Quem se propõe a revelar "os podres" que todos nós, famosos ou não, carregamos? Estou lendo o segundo volume da biografia de Getúlio Vargas, escrito por Lira Neto de forma imparcial, agora tenho convicção da personalidade do nosso (lá ele) ex- mandatário, tentei ler outros da mesma personalidade, porém autorizado e desisti no segundo capítulo. Paula Lavigne, Flora Gil... sei não...
ResponderExcluirAbraços piritibanos.
Pois é caro amigo, a questão cai sobre a isenção, a imparcialidade e, quem se sentir ofendido ou caluniado os caminhos judiciais são claros. Creia que para mim dói investir sobre o comportamento de quem fez parte de forma tão intensa da nossa juventude e hoje se coloca de modo antagônico aos ideais libertários antes defendidos. A discussão é boa, mas sem a presença dessas senhoras que hoje se apropriam de uma história da qual elas foram e são meras beneficiárias.
ResponderExcluirAbs.