Foi um hábito infantil que todos nos torcedores de futebol cultivamos desde a nossa origem interiorana, quando sintonizávamos as emissoras de rádio do sul do país com mais facilidade que aquelas de nosso próprio estado. Assim, o dial deslizava pelas rádios Nacional, Bandeirantes, Globo, Tupy, Mayrink Veiga etc, em sintonia às vezes quase perfeita que nem sempre conseguíamos com a Rádio Sociedade, Excelsior, Cultura da Bahia. Esta aparente proximidade que as ondas do rádio nos davam, também nos colocavam à beira dos gramados do Pacaembu, Palestra Itália, Parque São Jorge, Maracanã, São Januário, Gávea, General Severiano nos tornando mais familiares que com a Fonte Nova, Campo da Graça ou Joia da Princesa, estádios do nosso estado.
Passava a ser natural que torcêssemos, com
fervor, por Flamengo, Santos, Fluminense,
Botafogo, América, Corinthians, Palmeiras, Vasco ou São Paulo que para os clubes locais como Ypiranga, Fluminense de Feira, Vitória, Galícia, Bahia, Leônico.
Ainda hoje persiste, com menor intensidade, esta identificação com os clubes do
Sul, só que de modo ampliado e diversificado com a inclusão de clubes de Minas, Rio Grande do Sul ou Paraná, mas também com o desbravamento
dos clubes do nosso estado, atingindo com igual paixão os mais distantes
rincões da Bahia. Tudo por conta do
raio de penetração das emissoras de rádio e mesmo da televisão que hoje alcança
o nosso país de sul a norte com a mesma qualidade de recepção destes sinais
sonoros ou de imagens.
Fora disso, prevalece o provincianismo, o
bairrismo, o devotamento ao clube do seu estado pela imprensa local, numa espécie
de reserva de mercado a sua profissão, já que o fortalecimento (?) destes
clubes é a própria manutenção de seus empregos. Mas não precisa exagerar. Ouvir
qualquer programa esportivo da Rádio
Globo é ter a sensação que quando se fala do Campeonato Brasileiro de 2013, por exemplo, tem-se a impressão que o mesmo não é disputado por 20 clubes, mas
pelos 04 do futebol carioca, Flamengo,
Vasco, Botafogo e Fluminense, restando
aos demais, não a condição de meros figurantes, mas de adversários a serem
batidos quando jogarem contra os clubes do Rio.
Como estes programas costumam durar mais de uma hora, em todo este tempo escutamos
uma ciranda de noticias envolvendo sempre os mesmos 04, que só não é enfadonho
porque é também ridículo, um quase esquete de humor. Taí o Vascão que nos deixa mentir!
Foto: Camisa do Tabajara
Foto: Camisa do Tabajara
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