Em seu disco, Marítimo gravado em 1998, Adriana Calcanhoto incluiu uma canção de Caymmi, a eterna e bela Quem vem prá beira do mar. Nenhuma novidade na escolha já que o universo de Caymmi está sempre sendo visitado pelos mais variados interpretes com resultados, às vezes, surpreendente.
A surpresa proporcionada por Adriana
está no dueto com o mestre baiano, que não existiu, mas possível graças a
recursos cada vez mais presente e disponível da tecnologia. Resultado também
conseguido por Clara Nunes em um álbum
seu, pós-morte, em que ela faz duetos com vários artistas a exemplo de Paulinho da Viola, Chico Buarque, Nana Caymmi,
João Bosco, Ângela Maria etc.
No caso da Calcanhoto,
o mestre Dorival ainda estava entre
nós, mas por questão de agenda, saúde, outros compromissos não foi viabilizada
a sua presença em estúdio para a gravação do dueto com a cantora e compositora
gaúcha. Nem assim o encontro deixou de ser realizado e registrado como um dos
momentos mais bonitos e emocionantes da carreira, em especial de Adriana. Tudo funcionou de modo
perfeito que talvez não fosse obtido com a presença física de ambos na
gravação. Por cima da base já gravada de um disco de Caymmi, a canção Quem vem
prá beira do mar, teve adicionada a voz de Calcanhoto onde as frases, a respiração, o tempo musical tudo se
encaixa com uma clareza e uma evidência de um dueto que levaria dias de ensaios
para aquele resultado final.
Não há nada de frieza tecnológica, da máquina
substituindo o homem, ao contrário, a engenharia sonora a serviço do homem, da
arte, da beleza, como também não há no disco da Clara a existência de algo que não se materializou em vida, mas
agora conseguida em planos diferentes de existências.
Foto: Adriana Calcanhoto
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