Perdi o hábito de acompanhar novelas por razões diversas daquelas que um dia me fizeram acompanhar, mas mantenho os ouvidos sempre atentos as suas trilhas sonoras que em geral embalam a nossa refeição noturna. Assim descobri na trilha da novela Sangue Bom a canção Alfazema, na voz de uma jovem interprete que descobrir ser Cristina Ribeiro, e sua poesia barroca, sua melodia envolvente, uma terna e doce quase canção de ninar.
O aroma melódico de Alfazema me levou a outra novela no início dos anos 70 onde a
canção também fazia parte da trilha de um dos trabalhos do escritor e dramaturgo Dias Gomes, para televisão, que foi a
novela O espigão. Ali a canção
aparecia na interpretação de seu autor Carlos
Walker, artisticamente Walker, e era a novidade musicalmente
significativa daquela parada de sucessos montada pela Som Livre, gravadora da Rede
Globo, que até hoje é responsável pelos discos relativos às trilhas sonoras
de suas novelas.
Quanto ao Espigão,
convém destacar um elenco encabeçado por Betty
Farias, Carlos Eduardo Dolabela e
Milton Moraes (já falecidos), Ari
Fontoura, Suzana Vieira e a novidade da inclusão na trama de temas como a
especulação imobiliária, a preservação de áreas verdes urbanas, personagem
remanescente do movimento hippie enfim, tudo de modo crítico e bem humorado como
eram os textos de Dias Gomes. As
novelas brasileiras antes de serem fúteis e alienadas, foram um dia
antenadas com o seu tempo e lugar, até quando os armários escancararam de vez
as suas portas e soltaram os bichos, quer dizer Walcir Carrasco, Agnaldo Silva, Gilberto Braga, Miguel Falabella
para incendiar o espaço.
Vídeo: Youtube (Alfazema - Carlos Walker)
Vídeo: Youtube (Alfazema - Carlos Walker)
Nenhum comentário:
Postar um comentário