terça-feira, 29 de outubro de 2013

Alfazema.


Perdi o hábito de acompanhar novelas por razões diversas daquelas que um dia me fizeram acompanhar, mas mantenho os ouvidos sempre atentos as suas trilhas sonoras que em geral embalam a nossa refeição noturna. Assim descobri na trilha da novela Sangue Bom a canção Alfazema, na voz de uma jovem interprete que descobrir ser Cristina Ribeiro, e sua poesia barroca, sua melodia envolvente, uma terna e doce quase canção de ninar.

O aroma melódico de Alfazema me levou a outra novela no início dos anos 70 onde a canção também fazia parte da trilha de um dos trabalhos do escritor e dramaturgo Dias Gomes, para televisão, que foi a novela O espigão. Ali a canção aparecia na interpretação de seu autor Carlos Walker, artisticamente Walker, e era a novidade musicalmente significativa daquela parada de sucessos montada pela Som Livre, gravadora da Rede Globo, que até hoje é responsável pelos discos relativos às trilhas sonoras de suas novelas.

Quanto ao Espigão, convém destacar um elenco encabeçado por Betty Farias, Carlos Eduardo Dolabela e Milton Moraes (já falecidos), Ari Fontoura, Suzana Vieira e a novidade da inclusão na trama de temas como a especulação imobiliária, a preservação de áreas verdes urbanas, personagem remanescente do movimento hippie enfim, tudo de modo crítico e bem humorado como eram os textos de Dias Gomes. As novelas brasileiras antes de serem fúteis e alienadas, foram um dia antenadas com o seu tempo e lugar, até quando os armários escancararam de vez as suas portas e soltaram os bichos, quer dizer Walcir Carrasco, Agnaldo Silva, Gilberto Braga, Miguel Falabella para incendiar o espaço.

Vídeo: Youtube (Alfazema - Carlos Walker)

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