As manifestações iniciadas em junho deste ano, que levaram às ruas milhares de pessoas em protestos e reivindicações, trouxeram para a visibilidade das redes sociais as transmissões e informações através da “mídia ninja”. São intervenções que embora novas como notícias, como um tipo de jornalismo rápido e quase instantâneo, os seus integrantes já têm mais de 10 anos na criação desta rede original de informação. Tanto a “mídia ninja” como o “fora do eixo” atuam na formação de coletivos culturais espalhados por todo país que usufruem dos editais públicos na captação de recursos para a formação de festivais de músicas que alimentam as demais atividades da “mídia ninja” num ciclo quase artesanal de manutenção e sobrevivência.
Este detalhe de participar
dos editais para a captação de recursos públicos, criados na gestão de Gilberto Gil, ex-Ministro da Cultura, funcionam como meio de democratizar o acesso
a estas verbas, que eram quase exclusivas dos escritórios de empresários dos
grandes artistas. Mas, estes já possuem o seu próprio espaço e nada mais justo
que se estendessem a um leque cada vez maior de investidores em projetos
culturais, a acesso a estes recursos. Esta busca por estes editais causou na mídia
tradicional, de jornais e revistas, e em seus detratores uma maledicência como aquela
suspeita de que a “mídia ninja” fizesse um jornalismo chapa branca. Nada mais
errado, pois a disputa pelas verbas destes editais é feita de maneira clara e
disponível a qualquer cidadão que tenha um projeto nas áreas culturais e queira
viabilizá-lo.
Mas, se detendo na atuação da “mídia ninja”
naquelas manifestações e veiculada pelas redes sociais, com transmissão ao vivo
e no centro dos acontecimentos, vale ressaltar a escassez de recursos e
tecnologia utilizadas na busca e na divulgação daquelas imagens, em sua grande
maioria captadas através de aparelhos celulares e notebooks. Na ausência de uma
estrutura da mídia tradicional como àquelas que dispõem os grandes jornais e as
redes de televisão, os integrantes da “mídia ninja” utilizam a ousadia, a
originalidade e a busca mesmo, pela noticia, pelo fato de modo transparente e
imparcial.
Só através da “mídia ninja” assistiu-se a depredação do prédio da TV Globo, na zona sul do Rio, dos protestos e das palavras de
ordens contra a emissora global, do incêndio dos carros de reportagem da TV Record, da agressão a jornalistas e
manifestantes pela força policial, enfim, eles foram onde a imprensa
tradicional não foi, até mesmo temendo a hostilidade, já que o conceito que
esta imprensa goza é o mesmo da
reputação de bordel.
Foto: Caetano posando para o Mídia Ninja
Foto: Caetano posando para o Mídia Ninja
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