A cândida entrevista concedida pelo Rei à jornalista Renata Vasconcelos, ao Fantástico, acerca das autorizações ou não para a publicação das biografias, mostra que os artistas abrigados no instituto Procure Saber presidido por Dona Paula Lavigne estão longe de uma unanimidade de propósitos. Uma espécie de porta voz do Procure Saber, o cantor e compositor Caetano Veloso, em seus artigos e pronunciamentos espalhados pela imprensa, de quem diz enfrentar o seu poder, não demonstra qualquer flexibilidade daquela encontrada na entrevista do Rei. Segundo ele pode se encontrar um acordo, um meio termo que não ponha em risco a liberdade de expressão, tampouco exponha de forma condenável a privacidade e a intimidade do biografado. Contraditoriamente, esta compreensão ele não teve com o jornalista Paulo César de Araújo e o seu livro Roberto Carlos em detalhes, pois de modo autoritário conseguiu na justiça a apreensão dos livros já à venda nas livrarias e casas do ramo. Coisas do Rei e seus enigmas.
Mas nem tudo foi névoa ou dúvida, já que pela
primeira vez, que eu saiba ou ouvisse, o Rei
fala de modo claro e emotivo de seu acidente aos 06 anos de idade que lhe
amputou parte de sua perna direita. Segundo ele, ninguém poderia escrever sobre
sua vida melhor que ele próprio e falar de um assunto como aquele com a
propriedade e conhecimento que só ele detém, sobre a dor, o sofrimento, os
traumas e as marcas que o fato lhe trouxe. Indiscutível o argumento, mesmo que
para uma pessoa pública e uma personalidade como ele, este e outros
acontecimentos são parte de uma vida que deixa de pertencer a ele para fazer
parte da história cultural do país. No entanto o Rei confessa que escreverá a sua própria biografia, com todos os
detalhes significativos de sua carreira, nada escondendo ou escamoteando de
seus súditos. Quem viver verá, ou não!
Foto: Roberto Carlos
Foto: Roberto Carlos
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