O que era previsível, já que o sangue das inocentes em suas mãos
ou em suas roupas há muito tinha deixado de apresentar quaisquer sinais de vestígios
ou odor. Quanto ao odor fétido do lamaçal onde vicejou imaginando servir a
pátria, este ainda exala de suas consciências atormentadas pelas noites insones
varadas por gritos dilacerados das suas infelicitadas vítimas, pelos fantasmas
que rondam lembranças incrustadas nas paredes de suas memórias ultrajantes aos
homens de bem.
Mas, a arguição na Comissão da Verdade não foi em vão. Pois, a esposa do médico Amílcar Lobo, este elemento que
avaliava as condições físicas dos torturados para novas sessões de tortura,
veio para declarar: “O erro dele
foi a omissão. Havia uma sensação de impunidade e os militares achavam que
estavam fazendo o melhor para o Brasil, que estariam salvando o país, mesmo
que, para isso estivessem torturando pessoas, o que acho um absurdo”.
Será um processo lento
e penoso que levará tempo, anos, muitos anos, infelizmente, mas a Comissão Nacional da Verdade procurará
saber o quê e quem são estes servidores públicos que torturaram e matararam seus
concidadãos, guiados por um ideário ideológico que seus hierárquicos criaram
como criaram uma Lei de Anistia que
os anistiavam.
Foto: Um torturador
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