quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Quando a noite caiu feito um viaduto.

A Comissão da Verdade do Rio que apura crimes cometidos por torturadores militares contra presos políticos, no período da ditadura militar de 64, ouviu ontem ou pretendeu interrogar 03 acusados de ter levado à morte, por tortura e maus tratos, o jornalista Mário Alves no 1º Batalhão da Polícia do Exercito, na Tijuca, Zona Norte do Rio. Dos convocados, somente os Tenentes Dulene Garcez e Luiz Mário Correia Lima, compareceram e, o que a Comissão conseguiu extrair de ambos, como esclarecimento ou confissão, foi um cínico “nada a declarar”. 

O que era previsível, já que o sangue das inocentes em suas mãos ou em suas roupas há muito tinha deixado de apresentar quaisquer sinais de vestígios ou odor. Quanto ao odor fétido do lamaçal onde vicejou imaginando servir a pátria, este ainda exala de suas consciências atormentadas pelas noites insones varadas por gritos dilacerados das suas infelicitadas vítimas, pelos fantasmas que rondam lembranças incrustadas nas paredes de suas memórias ultrajantes aos homens de bem.

Mas, a arguição na Comissão da Verdade não foi em vão. Pois, a esposa do médico Amílcar Lobo, este elemento que avaliava as condições físicas dos torturados para novas sessões de tortura, veio para declarar: “O erro dele foi a omissão. Havia uma sensação de impunidade e os militares achavam que estavam fazendo o melhor para o Brasil, que estariam salvando o país, mesmo que, para isso estivessem torturando pessoas, o que acho um absurdo”. 

Será um processo lento e penoso que levará tempo, anos, muitos anos, infelizmente, mas a Comissão Nacional da Verdade procurará saber o quê e quem são estes servidores públicos que torturaram e matararam seus concidadãos, guiados por um ideário ideológico que seus hierárquicos criaram como criaram uma Lei de Anistia que os anistiavam.

Foto: Um torturador

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