terça-feira, 25 de novembro de 2014

O admirável mundo novo baiano

A partir de depoimentos dos próprios participantes e de pessoas que sempre estiveram próximos a eles, o documentário Os filhos de João tenta reconstruir a trajetória dos Novos Baianos desde a sua saída de Salvador, em 1969, até a sua permanência vitoriosa entre São Paulo e Rio nos anos 70. Mas, até aqui foi uma luta diária desta comunidade meio hippie, meio profissional cujo show de despedida dos baianos em Desembarque dos bichos no dia do dilúvio universal, no Teatro Vila Velha recebi pela cara pedaços de isopor do cenário totalmente destruído no final da apresentação, um verdadeiro “happening”.

Mas, um dos momentos mais interessante e representativo do filme, é quando Dadi, da Cor do Som, lembra a madrugada em que um senhor engravatado bate a porta do apartamento comunitário, em Copacabana, e ele pelo “olho mágico” sentenciou para os demais: “pintou sujeira”, pois pensava tratar-se de uma batida policial. Surpresa! Era João Gilberto com violão a tiracolo que tocou para eles, embevecidos, até de manhã. Estava ali a senha que o grupo precisava para definir uma estética musical brasileira, sem desprezar o comportamento e as influências vanguardistas até então adotadas. 

João disse na época, "não tenham vergonha de cantar música brasileira, toquem o cavaquinho, conheçam Assis Valente e os sambistas de sua época". Conselhos dados e ouvidos, tanto que o disco Acabou chorare lançado logo depois é reflexo destas lições e considerado um dos 10 mais importantes da música brasileira de todos os tempos. O resto é história; história da música brasileira.

Foto: Novos Baianos - Acabou Chorare

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