quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Tem certas coisas que eu não sei dizer

Ontem vi o segundo episódio do programa Nelson 70, no Canal Brasil, em homenagem ao jornalista e compositor Nelson Motta, pelos seus 70 anos, recentemente completados. São programas curtos, talvez meia hora, em que novos artistas dão suas leituras para canções antigas e sucessos de vários outros artistas como De repente Califórnia e Tantas coisas, ambas de Lulu Santos com letra do homenageado.

Coube a doce e bela Céu dar viço e nova vida a De repente Califórnia em que ela transformou a canção pop numa “disco” bem anos 80, graças à batida eletrônica e as intervenções contidas das guitarras que remetem ás pistas das discotecas, numa gravação agradável de ouvir. Como também ouvir Céu se derramando em elogios aos compositores e lembrando a sua adolescência em que De repente Califórnia fez parte de trilha sonora.

Já com Lenine, não se sabe o que ficou mais babaca se a avalanche de elogios, silêncios, pausas e palavras que provavelmente envergonhava mais o homenageado que qualquer pretensão de afagá-lo. Como se não bastasse a solenidade, a mesura dedicada a bonita canção Certas coisas em que seu violão e a harpa de Cristina Braga (não por sua culpa Cristina, que vi seu talento na Caixa Cultural, em Salvador) trataram de desfigurar e de tornar quase irreconhecível versos tão precisos, talvez os melhores de Nelson Motta.

“Não existiria som/Se não houvesse o silêncio/Não haveria luz/Se não fosse a escuridão/A vida é mesmo assim/Dia e noite, não e sim” que além de sucesso do Lulu Santos na época do seu lança,mento, no disco Tudo azul, coube a Milton Nascimento alguns anos depois por as coisas em seus devidos lugares, e que talvez Lenine não conheça a gravação e não saiba o lugar devido onde colocar o desejo.

Foto: Céu

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