Ontem, ao final do Jornal Nacional que vejo após o Jornal da Band, para constatar as divergências de enfoque, o
apresentador William Bonner leu trecho
de uma reportagem de um novo site da empresa onde está registrada a memória da
emissora e a Globo faz uma espécie
de “mea culpa” pelo apoio, nem tanto incondicional, ao Golpe Militar de 64. A incondicionalidade ficaria por conta de um
acordo da Globo com a empresa
americana Time-Life, ilegal e
inconstitucional, mas permitido pelo governo militar para ter como contrapartida
o apoio, ou pelo menos o silêncio, da TV
Globo, para com as atrocidades constitucionais e humanas praticadas pelos
generais que se apropriaram do poder em 01 de abril de 1964. A Globo foi por muito tempo servil aos
militares, como ainda hoje é ao grande capital.
A pose de Madalena
arrependida pelo apoio a ditadura é pouco, mas é um começo, cujo começo mesmo
tem origem nas manifestações de junho e que continuaram nos meses seguintes em
que a TV Globo é um dos alvos
preferenciais dos protestos contra o monopólio da informação e pela
democratização da mídia. A “mea culpa” global arrasta os seus iguais ao afirmar
que não estava sozinha no apoio de primeira hora ao golpe militar, claro que
não, é sabido que a Folha cedia os
seus veículos para transporte de presos políticos para as sessões de torturas
no DOI-CODI e na OBAN (a famigerada e ensanguentada Operação Bandeirantes). Este foi apenas
um apoio logístico, mas existe a suspeita de lastro financeiro da mídia
golpista da época para a manutenção do regime e dos seus braços torturadores e
de perseguição aos opositores ao regime ditatorial, que a Comissão da Verdade, por certo, tentará desvendar esta teia do mal,
mantida pelas empresas de comunicação.
A confissão da Globo é um ato inaugural, pois é sabido que o seu contencioso na
manipulação da verdade e do escamoteamento dela remonta a muito mais, como à
campanha das Diretas Já; da montagem
e edição do último debate entre Collor e Lula, exibido no Jornal Hoje e Jornal Nacional
no dia anterior à eleição, em que o “caçador de marajá”, covardemente, trouxe a
público uma possível pressão de Lula
a sua companheira para a prática do aborto daquela que é a sua primeira filha.
Do apoio ao presidente alagoano até o último momento da votação de seu “impeachment”.
Enfim, os pecados globais merecem bem mais que um Ato Penitencial em que “confesse a Deus todo poderoso e a vós
irmãos e irmãs, que pequei muitas vezes por pensamentos, palavras, atos e
omissões, por minha culpa, minha tão grande culpa”.
Foto: Ilustrativa
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