terça-feira, 24 de setembro de 2013

Essa bunda não é sua.


O nível de degradação e de indigência que a música popular alcançou nestes últimos tempos, de tão vergonhoso e rasteiro não deveria mais causar qualquer tipo de indignação ou surpresa, como se tudo já não tivesse sido visto e ouvido e, que a lata de lixo seria apenas mais um elemento sonoro da composição e não o recipiente de dejetos diversos, como a própria música executada. Uma espécie de metalinguagem; o uso do lixo para falar do mesmo.

Este final de semana em Morro do Chapéu em um barzinho, enquanto esperava a presença de outros familiares e amigos, um carro estacionou nas proximidades do estabelecimento. Como um autômato, o seu proprietário ou motorista, atendendo uma solicitação das profundas do inferno, levantou a porta do bagageiro do veículo, fazendo ecoar por todo o espaço o volume aterrorizante do seu trambolho musical para desespero de tantos quantos tiveram o desprazer dali se encontrar. “Essa bunda não é sua/ esse peito não é seu/tudo isso aí foi feito/com todo o dinheiro meu”, era só o inicio de uma lavagem de roupa suja em praça pública e cuja ladainha, provavelmente, só terminaria em uma delegacia de polícia juntamente com o motorista e seu trio elétrico, ambos enquadrado na lei de silêncio com apreensão do bagulho e a devida penalização pecuniária.

Logo os amigos chegaram e obedecendo a um sinal imperceptível aos nossos olhos e ouvidos levantamos ao mesmo tempo em qualquer direção e local, deixando para trás, o pobre diabo com a bunda e peitos que não eram seus, sendo cobrados a todo volume e talvez devolvidos ali mesmo, com o silicone escorrendo para a lata de lixo mais próxima, assim como os autores, os personagens e os ouvintes desta decomposição pública. 

Foto: Ilustrativa

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