A nossa viagem de volta a Fortaleza que se daria após o carnaval foi adiada para setembro e
se vê na contingência de não acontecer, até porque depois do carnaval é tão vago
como estacionamentos em feriados, pois enquanto houver carnaval haverá a sua
ressaca. Tudo por conta dos nossos possíveis e prováveis companheiros de viagem
que são aéreos, e nos terrestres, e cada vez que sentamos para detalhar nossos planos
de viagem (quase diria, de voo) somos obrigados a ouvir uma palestra sobre a
excelência do avião, sua praticidade, sua rapidez e coisa e tal, que acabamos
vencidos, sem ser convencidos, falando de futebol.
Quem sabe acabamos recorrendo aos préstimos e
as preces de uma mãe de santo como o poeta Vinicius
de Moraes que foi acolhido por Mãe
Menininha de Gantois que se tornou sua orientadora espiritual, musa,
escudeira e intermediária junto aos orixás com pedidos de proteção nas suas
investidas aéreas em viagens profissionais com seu parceiro Toquinho, com quem excursionava. A
saudosa Ialorixá baiana recomendava
ao poeta que a cada viagem levasse um pequeno saco com farinha e, antes do
embarque molhasse uma pequena quantidade com água, fizesse um bolinho e
colocasse em alguma grama de jardim. Recomendação que lhe trouxe alguns
sobressaltos, como explicar em alguns aeroportos internacionais que aquilo no
saco era farinha e não o que a polícia aeroviária estaria imaginando, além de
nem sempre encontrar gramas ou jardins para a colocação da oferenda.
A nossa rejeição e medo de avião é tão grande
que um bolinho de farinha não seria suficiente para domar e aplacar o pavor, o
tremor que a mais simples hipótese nos provoca, que nem mesmo um cuscuz de farinha,
com dimensões para grande família conteria o desespero de conhecermos um avião.
Mas, Fortaleza, aí vamos nós, (Deus sabe quando)quer
dizer nós em dupla, pela Itapemirim.
Foto: Fortaleza - CE
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