quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Será que é tudo isso em vão?


Foram lançados, este ano, quase ao mesmo tempo dois filmes sobre a figura carismática e monopolizadora de Renato Russo. Um deles foi a transposição para o cinema da canção Faroeste Caboclo e seus quase 170 versos e a longa duração de 09 minutos e meio, que contra a saga de João do Santo Cristo e Maria Lúcia, uma quase ladainha de um caboclo que se muda para Brasília em busca de uma vida decente. O outro, foi Somos tão jovens do diretor Antonio Carlos Fontoura (Copacabana me engana, A Rainha diaba) que pretende ser uma biografia deste mito da geração 80, o Renato Russo.

Vi agora em DVD, o filme Somos tão jovens, em que suas imagens iniciais com Renato Russo andando de bicicleta em uma das super quadras de Brasília, com a guitarra as costas, sofrendo uma queda brusca, é tão mal feita, tão mal filmada, uma total ausência de direção de cena e de atores, uma videocassetada, que dá vontade de parar, de não prosseguir. Mas, só mesmo a figura emblemática do Renato e a trajetória estelar da Legião Urbana e suas canções fazem com que esqueçamos o tropeço inicial e sigamos a fita. 

Melhor assim, pois travamos contato com o ambiente familiar onde o astro foi criado, sua crescente rebeldia entre livros e música, tendo como trilha sonora mais presente as bandas “punks” inglesas, mais notadamente a “Sex Pistols”. A sua iniciação como músico, a primeira banda, o seu temperamento explosivo no contato com futuros integrantes do grupo, o excesso de álcool, a sua dualidade afetiva entre meninos e meninas são pedras de um mosaico que vai se construindo na tela e esboça o painel humano do novo ídolo popular, afável e agressivo.

É curiosa a recriação da cena musical de Brasília e do surgimento entre 76 e 82 de bandas que logo ocupariam o cenário do rock BR-80, como Paralamas do Sucesso, Capital Inicial, Plebe Rude e a própria Legião Urbana. É interessante a atuação de Thiago Mendonça, como Renato Russo e ver brotar a semente dos primeiros acordes de canções que logo explodiriam pelo país como Geração Coca Cola, Ainda é cedo, Por enquanto, Será, Quase sem querer, Que país e este e outras mais. Pode não ser um grande filme, é não é, mas se sustenta pela grandiosidade do ídolo, da Legião e das suas canções, “as vezes o que eu vejo/quase ninguém vê/e eu sei que você sabe/quase sem querer/que eu quero o mesmo que você”.

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