O plenário da Câmara de Deputados que poupou de cassação o mandato do deputado
federal e presidiário Natan Donadon,
de Rondônia, buscou se redimir,
desenterrando um projeto que dormia na pauta de votações do Legislativo e que tornava aberta todas
as votações da instituição. Numa euforia corporativista e de quem não se sente
deputado-presidiário, embora a grande maioria tenha culpa no cartório e em
instâncias judiciais nos mais remotos cantos do país, todos lavaram a roupa
suja em casa e se regozijaram com seu próprio gesto. Mas a redenção foi só
aparente, só um jogo de cena, pois sorrateiramente empurrou para o Senado, que também deverá votar o
projeto, a decisão final daquela votação na Câmara.
O Senado
Federal já deu mostra que remendará o projeto, tornando a votação aberta
apenas para cassações de mandatos, mas que as decisões do Supremo Tribunal Federal-STF que interfiram em ações da Câmara, naquilo que sejam exclusivas do
Poder Legislativo, deverão continuar
sendo secreta. Eles sabem o que fazem e, como deputados federais e futuros
presidiários não querem se indispor com a instituição e seus ministros,
permanecendo no anonimato o seu voto, já que um dia, breve dia, precisará do
paternalismo e da compreensão do STF,
para os seus delitos.
Também deverão continuar no obscuro terreno de quem votou
o quê, as votações que decidam sobre os vetos presidenciais a projetos votados
pelo Congresso Nacional, pelas
mesmas razões, agora de não se indispor com a Presidência da República de que se dizem aliados ou pela cuia que
rondará os ministérios atrás de verbas para ações em suas bases eleitorais.
Fingem que mudam para continuarem os mesmos.
Charge: Nani
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