Desde o seu lançamento em cinema, em 2000, que tenho uma cópia do filme do Guel Arraes, o divertido O Auto da Compadecida, baseado no romance homônimo do escritor pernambucano Ariano Suassuna. E ao filme sempre recorro, quando estou alegre, triste, reflexivo ou pelo grande prazer de rever um trabalho onde tudo casa com uma perfeição que se completa, desde o texto ágil, sarcástico, contrito e escrachado em termos religioso ao desempenho de um elenco primoroso prá contar as trapalhadas de João Grilo (Mathews Nachtergaele) e Chicó (Selton Mello) secundado por Marco Nani, Lima Duarte, Denise Fraga, Diogo Vilela, Fernanda Montenegro entre outras estrelas.
Mas o filme é mesmo o texto do Ariano Suassuna, hoje aos 86 anos, vítima de dois infartos e um
aneurisma cerebral que em recente entrevista à Folha falou de sua mais nova investida literária, que considera a
obra de sua vida, e que deverá ter sete volumes e utilizando variadas formas de
expressão como o romance, a poesia, gravuras, teatro em que trabalha há 33 anos
e que completa ganhará o nome de A
Ilumiara.
Apesar dos problemas de saúde o grande mestre nordestino permanece lúcido e perspicaz, dizendo ter feito um pacto com Deus, que se em algum momento desta sua obra, em especial no romance O Jumento Sedutor, ele se mostrasse cometer algum sacrilégio ou desrespeito com a religião, que Ele interrompesse a obra, com a sua morte. Mas, Deus, confiamos, não permitirá que a literatura brasileira fique órfã deste monumental trabalho do grande pernambucano e nos concedendo o prazer do acesso ao seu novo trabalho, ainda com a sua presença entre nós.
De qualquer modo ao acadêmico e especialista em
sua obra o Professor Carlos Newton
Junior está delegada a tarefa de conclusão do texto, em sua ausência, já
que conhecedor de toda a engenharia literária do autor, o que esperamos não
seja necessário.
Foto: Ariano Suassuna, Selton Mello e Mathews Nachtergaele
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