Confesso o espanto com as reportagens do jornalismo
global em relação ao ataque, que acabou por vitimá-lo, contra o cinegrafista da
TV Bandeirantes, o reporter Santiago Andrade. Não pelo fato em sí,
trágico e estúpido em todos os sentidos, mas pela longa duração de textos e
imagens em um fato envolvendo um profissional de uma emissora concorrente. A
vida humana que tem estar sempre acima de querelas ideológicas, concorrências e
audiências, mas em se tratando de TV
Globo a leitura necessariamente tende a ser outra, pelo seu conhecido
maniqueísmo e de seu jornalismo tendencioso e fortemente anti-governista.
Há naqueles textos a ideia dominante de
criminalizar os partidos de esquerda como responsável pelas manifestações e
seus distúrbios, mesmo que as lideranças que se consegue visualizar nestes
protestos se mostrem contrárias à participação de partidos políticos e a sua
demonização mesmo, como condutor a liderar estes movimentos. Pelo que se sabe a
“porralouquice” dos “black blocs”, por exemplo, não representam um partido político,
tampouco cidadãos comuns, sem teto, sem terra, desempregados em geral formem
qualquer unidade política em suas justas manifestações contra todo tipo de
injustiças e descalabros, como a própria realização da Copa do Mundo, por aqui.
Noticiar que um dos suspeitos de ter acendido e
atirado o rojão, que atingiu mortalmente o cinegrafista, é ligado ao Deputado Estadual Marcelo Freixo, do PSOL, configura-se como leviandade,
jamais como informação jornalística. Ligado a quê? O que é ser ligado a alguém?
Seu eleitor, seu admirador, amigo, parente, conhecido, funcionário o que quer
que seja, não cabe a ilação de difusas ligações que possam associar qualquer
culpabilidade ao decente deputado. Pobre Santiago,
descanse em paz, já que aqui na terra o seu corpo, seu inaceitável
desaparecimento, está servindo aos velhos abutres da democracia, senhores do
bem e do mal, mas precisamente do mal.
Foto: Santiago Andrade
Nenhum comentário:
Postar um comentário