A prisão do ator Vinicius Romão de Souza, pode não dar em nada e pode, se ele quiser,
ter os desdobramentos possíveis que o caso requer. Dizer que tudo foi um equívoco
da vítima ao identificar o ator como autor do roubo e, hesitar em outro
depoimento que havia dúvida quanto ao reconhecimento dele, não muda em nada o
cerne da questão por parte da ação policial que efetuou a prisão.
Preto, cabelo black,bermuda, camiseta preta é o
estereótipo do malandro, do pilantra, do ladrão e uma atitude claramente racista
por parte de quem efetuou a prisão, provavelmente tão preto como ele: “Só prá mostrar aos outros quase pretos/(E são quase
todos pretos)/E aos quase brancos pobres como pretos/Como é que pretos,
pobres e mulatos/E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados”.
Lembro de uma cena
do Cabarrrrrrrrré da Raça em que uma
advogada negra ao entrar no elevador do Fórum
Ruy Barbosa com mais dois colegas brancos, teve a partida do elevador retardada
para que a assensorista explicasse aos passageiros que aquela cabine era exclusiva
para os advogados e os reclamentes deviam se dirigir a outra cabine. A advogada
negra permaneceu impassível, esperando que o elevador desse a partida. E nada.
Até que a assensorista levantou de seu banquinho e perquentou a advogada se ela
não tinha escutado a observação. Ela respondeu que sim, mas ela também era advogada
e a sua cabine era aquela onde estava, por direito. A serviçal caiu em desculpas, por favor,
não tive a intenção e coisa e tal. Em vão. A advogada não aceitou as desculpas
e pediu que a assensorista a acompanhasse até a corregedoria do Forum para o registro da ocorrência e
das sanções cabíveis ao comportamento racista.
O racismo é uma erva
daninha, uma atitude deletéria com que não se pode ter contemplação, condescendência,
mas sempre o rigor da Lei Afonso Arinos.
Foto: Cena do Cabarrrrrrré da Raça
Foto: Cena do Cabarrrrrrré da Raça
Nenhum comentário:
Postar um comentário