quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Livre pensar é só pensar. (Millor)

Às vezes penso que o tempo passa só prá mim. Vejo pessoas, moças e rapazes, que vivenciaram suas adolescências piritibana, enquanto eu era criança, um menino, de repente, como que congelados por este mesmo tempo, se apresentarem como mais jovens que eu. Nenhum problema com o tempo, tão pouco com meus sessenta e poucos anos, embora acredite que foi um processo acelerado demais, até aqui. Tanto, por tão pouco. Mas não, o saldo pode ser bom. Ter os amigos que tenho, por vezes deixado de lado por incapacidade de tê-los, a família que construi, minhas filhas, Moema, minha sogra e sogro, meus cunhados e concunhados, meus irmãos... Valeu demais os encargos dos cabelos brancos, a calvície, o infarto, as trombadas profissionais e uma insistente sensação de fracasso.

Compreendo aqueles que buscam a eterna juventude, como quem procura um elixir na farmácia de Seo Lourenço e, com que certeza não encontrarão. Porem, se valem de uma imprecisão cronológica criada, para driblar as suas rugas, os tais cabelos brancos, a mesma calvície, os pés de galinha rondando os olhos, pensando enganar os seus contemporâneos, além de si mesmo, com a inexorável passagem do tempo. Qual é o prazer de se comemorar um cinqüentenário, quando se tem 60? Deve haver, já que a vaidade humana tem como limite a falta de parâmetro, um horizonte distante, muito distante.

Envelheço, subindo e descendo escadas e ladeiras com a mesma lepidez de que sobe e desce escadas aos 25 ou 30 anos. Freqüento shows de rock, pop e bossa nova sem qualquer noção de que esteja sendo ridículo ou deslocado, pois assimilo e gosto das propostas musicais, sem fazer tipo, até porque não há tipo a fazer, somente a vida e o prazer. Continuo assediado (eu sabia!) por agências de publicidade para fazer o personagem do bom velhinho (e não é Papai Noel, não) em comerciais de lojas, supermercados, shoppings center, cemitérios que já fiz variadas vezes, e que recuso por incompatibilidade de horários, mas que penso em retomar a carreira de modelo (que p(*) é essa!).

Camaradas, não tenham medo do tempo, ele é assim mesmo, apressado, diligente, voraz, mas um senhor muito bonito como a “cara de meu (minhas) filho (filhas)”, conforme Caetano.   

Foto: Pessoal

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