Nunca soubemos, exatamente, quantos éramos. Se
32, 47, 59 ou 38, já que a cada folia o número daqueles que se agregavam a nós,
era contrabalançado pelas deserções, inevitável, na tropa momesca. O entra e sai de foliões, no entanto, não
alterava o astral e a integração dos componentes de nosso bloco. Os novos, eram
sempre amigos ou parentes de alguém com alguns carnavais já contabilizados
conosco, e, na primeira rodada de cerveja, já estávamos todos, devidamente, em
casa. A casa que servia como ponto de encontro para as reuniões preliminares
dos “Embaixadores” – o nosso bloco –
era a residência do nosso presidente, e ficava localizada no Matatu de Brotas.
Nas reuniões decidia-se pelo uso ou não da máscara,
mas seu uso ficava a critério de cada um, era opcional. Já quanto ao modelo da
fantasia, nada a discutir, era aquele velho chambre de guerra, popularmente
conhecido como mortalha. Traje de uma praticidade e conforto indescritíveis,
principalmente para os mais afoitos, que se atreviam a não usar nada por baixo
da mortalha, deixando o bicho o solto no calor do asfalto e da folia. Brigávamos,
discutíamos, mas já era carnaval. E a cada um, sua embaixada, conforme os
desígnios de Momo, nosso rei.
Não sei precisar o que aconteceu. Mas quando
dei por mim, já estava pelo Broco do
Jacu, Amigos do Barão e Camaleão, onde acabei encerrando a minha carreira
carnavalesca. Devo ter pedido asilo em outras embaixadas, como era corriqueiro
naqueles tempos sombrios e nunca mais soube de meus outros colegas
embaixadores. Eles, por certo, também se asilaram, em busca de um tempo em que
éramos felizes e sabíamos.
Foto: Pessoal (Camaleão 1982)
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