quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Já é Carnaval cidade - É prá lá que eu vou!

Nunca soubemos, exatamente, quantos éramos. Se 32, 47, 59 ou 38, já que a cada folia o número daqueles que se agregavam a nós, era contrabalançado pelas deserções, inevitável, na tropa momesca.  O entra e sai de foliões, no entanto, não alterava o astral e a integração dos componentes de nosso bloco. Os novos, eram sempre amigos ou parentes de alguém com alguns carnavais já contabilizados conosco, e, na primeira rodada de cerveja, já estávamos todos, devidamente, em casa. A casa que servia como ponto de encontro para as reuniões preliminares dos “Embaixadores” – o nosso bloco – era a residência do nosso presidente, e ficava localizada no Matatu de Brotas.

Nas reuniões decidia-se pelo uso ou não da máscara, mas seu uso ficava a critério de cada um, era opcional. Já quanto ao modelo da fantasia, nada a discutir, era aquele velho chambre de guerra, popularmente conhecido como mortalha. Traje de uma praticidade e conforto indescritíveis, principalmente para os mais afoitos, que se atreviam a não usar nada por baixo da mortalha, deixando o bicho o solto no calor do asfalto e da folia. Brigávamos, discutíamos, mas já era carnaval. E a cada um, sua embaixada, conforme os desígnios de Momo, nosso rei.

Não sei precisar o que aconteceu. Mas quando dei por mim, já estava pelo Broco do Jacu, Amigos do Barão e Camaleão, onde acabei encerrando a minha carreira carnavalesca. Devo ter pedido asilo em outras embaixadas, como era corriqueiro naqueles tempos sombrios e nunca mais soube de meus outros colegas embaixadores. Eles, por certo, também se asilaram, em busca de um tempo em que éramos felizes e sabíamos. 

Foto: Pessoal (Camaleão 1982)

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