sábado, 21 de março de 2015

Compadre de Ogum

Não creio e até faltam provas de que Graciliano Ramos, José Lins do Rego ou Érico Veríssimo tenham captado de modo tão enlouquecido e real, seus estados, suas regionalidades culturais de modo tão profundo, profano e sagrado como fez Jorge Amado com a sua Bahia e nossas particularidades como povo, raça, de uma originalidade desbragadamente bem humorada e alegre.

Quem já leu Os pastores da noite, ou mesmo quem ainda não leu, não deixa de entrar no clima do Compadre de Ogum que o grupo Aláfia! Companhia de Teatro de Salvador encena até o final do mês no Espaço Cultural da Barroquinha, uma igreja que após um incêndio que a destruiu ressurgiu como um original centro cultural. Até o se mostra por demais apropriado para o batismo do filho de Massú das Sete portas, fruto de uma relação fugaz com uma branca de olhos azuis. 

O grande número de amigos de copo e sina de Massú cria nele a dúvida a qual deles entregar o seu filho para batizar, já que todos são dignos e companheiros para esta relevância religiosa e social. Mas eis que a aparição de Ogum lhe leva a escolhê-lo como seu compadre. As situações criadas a partir daí são convites certos para o riso, a gargalhada sem nenhum pudor quanto a uma possível profanação religiosa, pois vale tudo na busca da realização do intento de Massú e seus camaradas. 

Bons atores seguram o ritmo desta adaptação da história de Jorge Amado, num espetáculo indicado para o prestigiado prêmio Braskem de Teatro como melhor espetáculo, melhor ator, diretor e ator revelação. Merecidos. 

Foto: Compadre de Ogum

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