Não creio e até faltam provas de que Graciliano Ramos, José Lins do Rego ou Érico Veríssimo tenham captado de modo
tão enlouquecido e real, seus estados, suas regionalidades culturais de modo
tão profundo, profano e sagrado como fez Jorge
Amado com a sua Bahia e nossas
particularidades como povo, raça, de uma originalidade desbragadamente bem
humorada e alegre.
Quem já leu Os pastores da noite, ou mesmo quem ainda não leu, não deixa de
entrar no clima do Compadre de Ogum
que o grupo Aláfia! Companhia de Teatro
de Salvador encena até o final
do mês no Espaço Cultural da Barroquinha, uma igreja que após um incêndio que
a destruiu ressurgiu como um original centro cultural. Até o se mostra por
demais apropriado para o batismo do filho de Massú das Sete portas, fruto de uma relação fugaz com uma branca de
olhos azuis.
O grande número de amigos de copo e sina de Massú cria nele a dúvida a qual deles entregar o seu filho para batizar,
já que todos são dignos e companheiros para esta relevância religiosa e social.
Mas eis que a aparição de Ogum lhe
leva a escolhê-lo como seu compadre. As situações criadas a partir daí são
convites certos para o riso, a gargalhada sem nenhum pudor quanto a uma
possível profanação religiosa, pois vale tudo na busca da realização do intento
de Massú e seus camaradas.
Bons atores
seguram o ritmo desta adaptação da história de Jorge Amado, num espetáculo indicado para o prestigiado prêmio Braskem de Teatro como melhor espetáculo,
melhor ator, diretor e ator revelação. Merecidos.
Foto: Compadre de Ogum
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