Em uma de suas últimas colunas o Professor Pasquale Neto deixou de lado
as suas análises sobre os erros de português cometidos por nossos jornais em suas
manchetes, o detalhamento das questões de vestibulares e principalmente a
construção de nossos poetas e compositores em seus trabalhos, por um viés
gramatical, para se deter sobre a violência dos trotes universitários. A sua
indignação pode ser compartilhada por todo aquele que preza os valores humanos,
de respeito e solidariedade ao semelhante, pouco importando a sua escala social
e no caso do enfoque universitário, se calouro ou veterano.
A corajosa revelação
de uma jovem que disse ter sido ser estuprada em um desses trotes paulistas junto
ao Ministério Público Estadual desencadeou
uma serie de denúncias de outros alunos quanto aos maus tratos sofridos nestas
sessões de tortura e barbárie em seus primeiros momentos como aluno de uma
dessas universidades paulistas. O fato de ser paulista é sintomático, já que as
denúncias e os casos de mortes ocorridas nestas comemorações macabras são
sempre de instituições no Estado de São Paulo,
o que talvez explique a origem da expressão “elite branca e perversa” e a carga
de seu preconceito e agressividade contra aqueles que habitam em volta de seu
quintal “quatrocentão”, ou o que dele restou.
A
jornalista Malu Delgado dedicou
algumas páginas, também recente, da revista Piauí para adentrar no mundo sombrio e cruel dos trotes praticados
pelos veteranos da FAMUSP – Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo. O resultado faz jus aos
torturadores do remime militar pós-64, como se fossem carrascos da OBAN e do DOI-CODI, ao invés de futuros médicos cuja participação na
sociedade deixa dúvida quanto ao humanismo de práticas tão cruéis de quem foi e
quem sabe ainda serão capazes. Assustador
O glossário das
práticas de sevícias é apenas conhecido de universitários e docentes, mas quem
sabe também dos fundamentalistas do estado islâmico. Pascu – ritual de passar pasta de dente no ânus do novato que às
vezes é acompanhado de pimenta. Rancho
– mistura de comida estragada e vômito que os calouros são obrigados a comer em
festas de boas vindas. Mastiguinha –
comida que vai da boca do veterano para a do calouro. Ice on the balls – prática de encher de gelo cuecas dos novos
estudantes. Sequestro – ritual de
colocar o estudante recém-chegado numa sala, nu, e obrigá-lo a encenar posições
sexuais, ou segurar frutas entre as nádegas. Chega!
Foto: Ilustrativa
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