quarta-feira, 11 de março de 2015

O Hospital Espanhol


Triste passar pela Barra e ver o Hospital Espanhol, um dos símbolos da saúde hospitalar da cidade, amargando uma crise que se arrasta faz tempo, sem uma solução aparente para as sua dívidas e seus problemas administrativos. Mesmo sem jamais ter usado seus serviços, talvez o seu laboratório para a realização de exames, solicitados por algum médico distante de sua unidade, mas levado pela possível qualidade de seus técnicos, guardo do Espanhol uma história contada por Mãe Maria, em um dos seus internamentos na busca de atenuar os problemas da sua frágil saúde.

Vi o mar pela primeira vez, através dos olhos da Mãe Maria, que da janela de seu quarto no quinto andar do hospital se abria para uma paisagem azulada que lhe enchia de alegria e de sonhos como compensação para a sua saudade de casa e de nós. A sua descrição do mar não ia além de alguns adjetivos, de uma palheta de cores que variava entre o azul, verde, branco, o amarelo do por do sol, as ondas, as embarcações ao longe que ajudavam formar uma imagem em minhas retinas infantis, daquilo que tanto lhe deslumbrou. E que naquele momento também a mim encantava.

Quando de fato vi o mar, através da amurada do Elevador Lacerda, já trazia alguns elementos listados por Mãe Maria na sua concepção, que ajudaram a compreender o seu encantamento, agora enfim vivenciado por mim em alguns longos minutos. O mar em nada lembrava as poucas aguadas do sertão onde passamos nossa infância, armazenando ameba, esquistossomose, verminoses diversas entre outras mazelas de nosso subdesenvolvimento sanitário. O mar era muito mais.

Foto: Hospital Espanhol

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