Numa demanda judicial cheia de idas e vindas,
parece que enfim João Gilberto
conseguiu a autonomia e domínio sobre seus três primeiros discos e um compacto duplo
gravados na Odeon, hoje EMI, gravadora inglesa. Nada mais que
justo o autor da obra seja de fato o seu dono e protetor contra o mercantilismo
fácil e sem qualquer compromisso com a cultura do país como são os discos de João, pilares da bossa nova, para a
música não apenas brasileira, mas a história da música como um bem de toda humanidade.
O mesmo desembargador do Tribunal de Justiça do Rio que determinou a gravadora EMI, como administradora e protetora da
obra de João, voltou atrás e decidiu
que as matrizes dos discos devem ficar mesmo com o seu autor. Os advogados de João mostraram que ele havia contratado
uma empresa para guarda e preservação daquelas matrizes, argumento que serviu
de base para a decisão judicial favorável à gravadora, sob a alegação de que
ele, João, não tinha capacidade de
preservar tais raridades.
Os discos “Chega
de saudade”, “O amor, o sorriso e a flor” e “João Gilberto” estão de vez de volta prá casa. A irritação de João e o início desta demanda foi uma
violação praticada pela gravadora, com a compilação destes três discos em um só
disco com duração de mais de 70 minutos. Faixas adulteradas em seu tempo de
duração e intervenção em arranjos que atropelavam a execução das músicas se
comparadas ás gravações originais levaram o artista a esta longa busca pela
propriedade de sua obra. Tenho este disco e é perceptível o caráter caça-níquel
da EMI, que ao invés de relançar os
discos em seu formato original amontoou mais de 30 faixas de discos primorosos
e definitivos para a música brasileira em um único CD, num flagrante desrespeito e baixo instinto comercial. Enfim, a justiça não desafinou.
Foto: João Gilberto
Nenhum comentário:
Postar um comentário