Por um erro de informação que imaginei ter lido
ouvido em algum jornal ou noticiário esperava assistir, desta última vez que voltei
a Salvador, o documentário “O que fui nunca escondi” sobre Geraldo Vandré, figura emblemática da música
brasileira engajada, do final dos anos 60 e, inimigo preferencial dos militares
golpistas no meio musical. Mas não perdi a viagem se o caminho era mesmo um outro
personagem preferencial dos militares golpistas que foi o ex-presidente João Goulart, através do documentário o
Dossiê Jango do diretor Paulo Henrique Fontenele que joga luz
nas trevas que ainda hoje envolve a morte do político brasileiro exilado na Argentina e Uruguai desde a sua deposição.
Como todo documentário, o Dossiê Jango parte de entrevistas com políticos, jornalistas,
historiadores e familiares como o seu filho João Vicente para ir costurando a trajetória do ex-presidente desde
a sua saída do Brasil até a sua
morte no exílio. A ditadura implantada por aqui, em 64, foi se alastrando como
uma praga diabólica por países do cone sul como Chile, Argentina e Uruguai, além da Bolívia que já amargava seu destino ditatorial, o que tornava a
vida de exilados brasileiros nestes países uma temeridade, um permanente risco
de vida. Muitos foram para Cuba, Argélia,
países europeus outros ficaram alimentando que a situação de nosso país logo se
resolveria e o Brasil retomaria o caminho da redemocratização. Esperaram tanto,
esperaram muito e perderam a vida.
O ponto central do documentário é a quase
certeza de que Jango foi em verdade
envenenado e não vítima de um infarto como atestaram as autoridades argentinas
num sepultamento feito às pressas, sem autopsia como a esconder algo que o
tempo vai revelar. Jango teria sido
vitima da Operação Condor,
idealizada pela CIA americana e
posta em prática pelas ditaduras do Cone
Sul com o propósito de monitorar e em alguns casos eliminar opositores
destes regimes ditatoriais no Brasil,
Chile, Argentina e Uruguai, com a participação de agentes militares destes
países.
A Comissão
da Verdade já pediu a exumação do corpo de Jango e os relatos e depoimentos contidos no documentário Dossiê Jango podem servir de subsídios
importantes na elucidação do assassinato do ex-presidente, bem como na punição
de militares brasileiros envolvidos na nefasta Operação Condor. O que fui nunca escondi!
Foto: Jango
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