domingo, 25 de agosto de 2013

Viver é melhor que sonhar!

Quando o “pau quebrou”, principalmente após a edição do Ato Institucional Nº 5, em dezembro de 68, quando a juventude que tomava as ruas do país se viu acuada pelas forças da repressão buscou caminhos diversos. Muitos abraçaram a luta armada, o tal rabo de foguete de que nos fala “O Bêbado e o equilibrista”, outros caíram de boca nas drogas, no baseado, no barato, na contracultura e outros tantos, simplesmente, piraram. Os que desbundaram seguiram o canto de sereia do movimento hippie e da contracultura que se espalhava pela juventude americana desiludida e contrária a Guerra do Vietnã, assim como os jovens europeus sufocados pela falta de perspectiva em seus países.

Por aqui, uma das comunidades hippies mais conhecidas foi a de Trancoso, em Porto Seguro e em especial Arebempe, onde por lá passaram Janis Joplin, Mick Jagger, Novos Baianos e muitos adeptos da “paz e do amor”, de “plantar e colher com a mão a pimenta e o sal”, uma vida contemplativa cercada pela natureza, alimentação natural, o amor livre, o rock e a maconha. Muitos dos que por lá passaram hoje são executivos, jornalistas, artistas plásticos, profissionais liberais bem sucedidos como Pink Wainer ou o desbundado José Simão

A Revista da Cultura, recentemente, fez uma reportagem em que identifica muitos participantes destas comunidades e que hoje exercem funções de ponta dentro do sistema capitalista tão combatido por seu viés mais critico, o consumismo desvairado. A artista plástica Pink Wainer, filha da colunista Danuza Leão e do lendário jornalista e exilado político Samuel Wainer, morou por muito tempo em Arembepe onde encontrou o Zé Simão fazendo e vendendo artesanato. Segundo ela, “no movimento hippie ninguém lutava para derrubar a ditadura, mas, de certa forma, estava tentando derrubar caretices mais universais”. 

Parece que o tempo tem mostrado que derrubar ditaduras não é tão difícil, quanto a luta contra a caretice e todos os seus desdobramentos, como o preconceito, a intolerância, o egoísmo,  males que seguem a sua trilha neste Século 21.

Foto: Festival de Woodstock - 1969

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