segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O silêncio como mercadoria.



Entre outros indicadores pouco edificantes, Salvador ostenta o nada honroso título de a capital mais barulhenta do país. E não são somente os carros de som que se multiplicam nas imediações de bares e barracas de praia, mas o vizinho do andar de cima de quem muitas vezes o vizinho de baixo é obrigado a privar de seus gostos musicais, dos filmes que assiste, as idas e vindas sobre os saltos dos sapatos, das conversas em volta da mesa e até dos gemidos e sussurros debaixo dos lençóis da alcova. Sem saída e sem nenhum interesse em participar deste “samba do criolo doido” do andar de cima restou ao vizinho incomodado dotar o seu apartamento de um revestimento acústico que lhe permitisse viver em paz, desfrutando do seu lar, em silêncio.

A Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo – SUCON é o órgão responsável a quem se deve recorrer para denunciar ou coibir estes esporros sonoros viu passar de 20 mil reclamações em 2011para 69 mil em 2012 e, já acumula em 2013 mais de 33 mil queixas, o que significa que o desassossego cresce numa escala geométrica. A policia é acionada, o silêncio se instaura, mas quando as viaturas se afastam o pagode, o arrocha e agora o funk abundam o ar como uma tubulação de esgotamento sanitário que explodiu, empestando o ambiente.

Fonte: Revista MUITO - A Tarde

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