sábado, 3 de agosto de 2013

Ai, que saudade eu tenho de Miami...




Seria considerado estranho se não se conhecesse o caráter canalha e o corporativismo de classe de seus patrões e de quem eles representam, o silêncio da grande imprensa quanto ao apartamento adquirido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, em Miami, pela módica quantia de um milhão de reais, à vista. Nada que impeça um servidor público, bem remunerado, comprar o que quiser, onde quiser, quando bem entender. O impedimento se há, se houver, é quanto à forma que se deu a transação, através de expediente que é vedado ao funcionalismo público, em especial àqueles que deveriam velar pelos preceitos constitucionais e suas leis.

O Ministro Joaquim Barbosa teria criado a empresa Assas JB Corp, no Estado da Flórida, para aquisição de um imóvel em 2012, o que lhe permitiria a utilização de benefícios fiscais para este e outros fins, em uma empresa que ele não poderia sequer ser sócio, pois vetado pelo Estatuto do Servidor Público. Outra ilegalidade é que a empresa tem como sede o apartamento onde ele reside em Brasília, que é um bem público, e deve ser usado exclusivamente para fins residenciais. Agora, os seus pares da OAB e de entidades que congrega magistrados como a AJUFE – Associação de Juízes Federais querem que o ministro apresente explicações para condutas incompatíveis com o cargo que exerce.

A grande imprensa, a elite branca e perversa, além dos babacas, “maria-vai-com-as-outras”, ávidos pelo sangue dos acusados do tal “mensalão”, que já tinham escolhido o seu candidato para as próximas eleições presidenciais, fingem que não ouviram nada, não leram nada que possa macular a túnica da vestal do STF. A descortesia em não cumprimentar à Presidente Dilma Rousseff, ao lado do Papa Francisco na apresentação ao Sumo Pontífice das autoridade brasileiras, como todos fizeram, pode não ser revelador, mas também pode.

Aqui prá nós, por um apartamento mixuruca de 73m², venderia o nosso com uma dimensão quase três vezes maior, por uma quantia que não seria necessária a criação de uma empresa para este fim. É certo que não seria em frente ao rio que corta a cidade de Miami, mas em compensação teria a Avenida Sete, os camelôs do Relógio de São Pedro, os trombadinhas da Praça da Piedade, os travestis da Carlos Gomes, os bares do São Raimundo, os pivetes do Campo Grande, passeios esburacados, trânsito engarrafado, os carros de som... uma coisa!

Foto: Miami - Flórida

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