Seria considerado estranho se não se conhecesse o
caráter canalha e o corporativismo de classe de seus patrões e de quem eles
representam, o silêncio da grande imprensa quanto ao apartamento adquirido pelo
presidente do Supremo Tribunal Federal,
em Miami, pela módica quantia de um
milhão de reais, à vista. Nada que impeça um servidor público, bem remunerado,
comprar o que quiser, onde quiser, quando bem entender. O impedimento se há, se
houver, é quanto à forma que se deu a transação, através de expediente que é
vedado ao funcionalismo público, em especial àqueles que deveriam velar pelos
preceitos constitucionais e suas leis.
O Ministro
Joaquim Barbosa teria criado a empresa Assas
JB Corp, no Estado da Flórida,
para aquisição de um imóvel em 2012, o que lhe permitiria a utilização de
benefícios fiscais para este e outros fins, em uma empresa que ele não poderia
sequer ser sócio, pois vetado pelo Estatuto
do Servidor Público. Outra ilegalidade é que a empresa tem como sede o
apartamento onde ele reside em Brasília,
que é um bem público, e deve ser usado exclusivamente para fins residenciais.
Agora, os seus pares da OAB e de
entidades que congrega magistrados como a AJUFE
– Associação de Juízes Federais querem que o ministro apresente explicações
para condutas incompatíveis com o cargo que exerce.
A grande imprensa, a elite branca e perversa, além
dos babacas, “maria-vai-com-as-outras”, ávidos pelo sangue dos acusados do tal
“mensalão”, que já tinham escolhido o seu candidato para as próximas eleições
presidenciais, fingem que não ouviram nada, não leram nada que possa macular a
túnica da vestal do STF. A
descortesia em não cumprimentar à Presidente Dilma Rousseff, ao lado do Papa
Francisco na apresentação ao Sumo
Pontífice das autoridade brasileiras, como todos fizeram, pode não ser
revelador, mas também pode.
Aqui prá nós, por um apartamento mixuruca de 73m²,
venderia o nosso com uma dimensão quase três vezes maior, por uma quantia que
não seria necessária a criação de uma empresa para este fim. É certo que não
seria em frente ao rio que corta a cidade de Miami, mas em compensação teria a Avenida Sete, os camelôs do Relógio
de São Pedro, os trombadinhas da Praça
da Piedade, os travestis da Carlos
Gomes, os bares do São Raimundo,
os pivetes do Campo Grande, passeios
esburacados, trânsito engarrafado, os carros de som... uma coisa!
Foto:
Miami - Flórida
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