sábado, 3 de agosto de 2013

Os Pássaros.

Quando estou na Praça Getúlio Vargas, na Pizzaria de Dione, tomando cerveja nos finais de tarde de sábado ou nas sonolentas manhãs de domingo, compartilhando a minha solidão com o tédio da cidade alegre, quase sempre sou tomado por uma sensação de pânico, de estranhamento. Qualquer barulho que venha quebrar a monotonia do lugar provoca nas aves abrigadas nas árvores que circundam a Praça uma revoada de pássaros em qualquer direção inclusive onde, paranoicamente, estou. Sou apossado pelo mesmo desespero dos personagens de Os Pássaros de Hitchcock, um dos meus filmes de cabeceira.  

Sem qualquer explicação (eles jamais dariam) ou razão, os pássaros atacam de modo impiedoso e cruel uma família de moradores de um sítio perdido em um descampado americano. A razão do ataque dos pássaros, provavelmente, seja a mesma daquela que possa justificar a violência gratuita que nos assola diariamente. Surge do nada, mas talvez o cerne não seja o nada, há no seu meio a barbárie de onde todos viemos, homens e pássaros, a antropofagia.

Quanto aos Pássaros será sempre uma busca imprescindível para os novos e antigos cinéfilos, principalmente por saber da dor e do sofrimento que os atores do eterno filme tiveram que passar para transparecer o que o cruel e perfeccionista Hitchcock queria para a sua história, algo que as novas tecnologias resolveriam com uma simples pressão em teclas de computadores ou maquinetas similares.
 
Foto: Cena de os Pássaros    

 

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