A tragédia urbana diária deixou de ser para nós
algo visível nas ruas de nossa cidade, nas páginas de seus jornais e nas
matérias coloridas (demais) dos telejornais, mas para se materializar numa experiência,
desgraçadamente, vivida por familiares neste início de semana. Na madrugada de
segunda para terça feira, mesmo dia que voltei para a cidade alegre, nosso
apartamento foi invadido pela janela do quarto dos fundos ou do vitrô da área
de serviço, por um destes meliante que não demorará se tornar um traço nas
estatísticas sobre a violência urbana; nós, com as bençãos de Deus, não.
Enquanto Moema
e Camila dormiam em seus quartos
receberam a visita indesejada de um vagabundo que revistou suas bolsas,
carregando celulares, cartões de crédito, documentos e até um prosaico “porquinho”
mealheiro, onde colocava as moedas de um real recebidas como troca nas relações
de compra, sem que nenhuma delas, felizmente, percebesse qualquer movimentação no
apartamento. Abalados, como ainda continuo por não estar próximo a elas (mas,
para onde já estou indo), vamos aos poucos retomando uma realidade que é difícil
conviver, muito menos aceitar.
Em duas ocasiões já fiquei sob a mira de revólveres,
cujo pavor ainda me paralisa ao lembrar, tanto depois. Mas, viveria a terceira
desastrada experiência em troca de que pessoas que amo tanto permanecessem incólume
a estes desvarios da raça humana, independente de quaisquer aspectos sociais
que envolvam o drama urbano, pois isto não são horas de tergiversar acerca de
molambos que mancham a paisagem.
Foto: Porquinho (mealheiro)
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