Só mesmo um poder desacreditado, com a
envergadura moral de uma galinha poderia protagonizar cena de tão explicito ridículo
em doses cavalares e constrangedoras de cinismo. Um deputado preso e condenado
em todas as instâncias em que foi julgado, Natan
Donadon (PMDB – RO), recebeu do STF
a pena de 13 anos por desvio de recursos da Assembleia Legislativa de Rondônia foi absolvido pelos seus iguais
na votação pela perda de mandato de deputado federal, ontem no plenário da Câmara dos Deputados.
Presente à sessão em que seria decidida a
cassação de seu mandato, o deputado-presidiário (uma redundância como se vê,
pois eles, os parlamentares, são potencialmente presidiários) como um ator
canastrão representou sem qualquer convicção seu papel de “coitadinho”. Chorou,
se ajoelhou, jurou inocência, mostrou as marcas das algemas, reclamou da boia
da carceragem e tocou fundo os corações dos acanalhados representantes do poder
legislativo que comovidos lhes pouparam o mandato.
Mais uma razão entre tantas para minar este
penduricalho do sistema democrático em nosso país, não desperdiçando o seu voto
com esta pilantragem que envergonha e desonra a atividade parlamentar,
conduzida com alguma dignidade, a duras penas quem sabe, por menos de 10% de
uma enorme organização criminosa de 513 membros.
Foto: O deputado entre assessores
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