quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Um homem tabém chora, também deseja colo.

Deixar o frio e a garoa da cidade alegre pelo mesmo tempo instável que faz em Salvador pode parecer trocar seis por meia dúzia, mas só faz parecer, pois no todo, quanta diferença, não apenas física e geográfica, mas pelas mãos de afeto, pelos gestos de prazer que a minha presença desperta nos meus e causa em mim. Estar de volta prá casa, onde e com quem passarei o Dia dos Pais, rever amigos com quem estive há quinze dias, mas que parece um longo tempo, estar com familiares que aniversariam longe de mim, como estão Shirley e os olhinhos inquietos da minha netinha, Julinha, doem mas logo passam com a fugacidade da minha ausência. Sinto estar cercado com  o que me basta.
 
Nesta altura do campeonato já conquistei o que havia disponível prá mim, já me aproximei e me afastei de pessoas que são e não são imprescindíveis, já guardo no bojo do peito os poucos amigos que podem me ver chorar; mais que isto é formar turma, galera, bondes, arribação que meus cabelos brancos, o joanete, o esporão, o naturismo, o culto à saúde, o sono cedo, os discos, os livros e jornais me impelem por outro lado da rua.

Lembro uma frase de Miguel Falabella com relação às redes sociais que ele diz, entre outras reflexões que “intimidade não é para amigos do facebook, mas para amigos do face á face”. Pelo meu lado, bem que tentei e tento andar pelo facebook, mais por insistência de Camila, minha filha, que criou uma página prá mim, que propriamente por desejo de exposição ou participar do circo dos que se mostram despudoradamente. Autoajuda demais, provérbios demais, religiões às pencas, elucubrações políticas passionais, agressões gratuitas, curtições otárias, juras (in)sinceras, segredos de liquidificador, gracinhas de almanaques enfim... tudo muito chato com ares de verdades absolutas. Bem que tentei fazer novos amigos na rede social e culpo a mim mesmo, não eles, pelo lento andar da carruagem, por incapacidade de lidar com o novo, pela distração, por não entender que amizade é uma mão dupla e precisa de retorno, de eco ou de reverberação e não de quem somente tem a dar “solidão com vistas pro mar”.    
 
Foto: Ilustrativa 

Nenhum comentário:

Postar um comentário