Em uma de suas recentes crônicas Ruy Castro nos conta um pequeno fato
que é exemplar quanto ao comportamento de nossos governantes, nas mãos destes
penduricalhos da democracia que são os deputados, estes nossos parlamentares.
Certa feita, Lúcio Costa um dos jovens
arquitetos responsáveis pelo traço de Brasília
perguntou ao presidente Juscelino
Kubitschek quantos prédios ele queira para abrigar os ministérios do seu e
dos próximos governos. O presidente pediu um pedaço de papel e começou a
anotar: Saúde, Educação, Fazenda, Transportes,
Viação e Obras Públicas, Indústria e Comércio, Justiça e assim chegou a
onze pastas, mas ponderou que o arquiteto planejasse 17, para qualquer
eventualidade na criação de novos ministérios.
Modesto, o saudoso presidente nem se quer
imaginaria a farra de ministérios que chegaríamos 50 anos depois. Collor tinha 12 ministros; Fernando Henrique começou a escalada
ministerial com 21; Lula mais que ampliou,
inchou a Esplanada com 35 e Dilma Rousseff já chega a espantosa
marca de 39 ministérios. Por trás desta frenética marcha dos ministérios estão
os partidos políticos em busca de abrigo para seus deputados e apaniguados em
geral com a criação de ministérios aos borbotões. Será que alguém tem dúvida
quanto a necessidade de ministérios como o da Pesca, Assuntos Estratégicos, Portos, Promoção da Igualdade Racial, Políticas
Mulheres entre outras inutilidades? Eles existem para expor a irresponsabilidade
pública dos governantes. Juscelino,
onde estiver, não sabe se ri ou chora!
Foto: Esplanada dos Ministérios - Brasília-DF
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