Desde o escândalo musical provocado por Caetano e Gil a partir do 3º Festival de Música Brasileira, da TV Record, em 1967, com as apresentações de Alegria, alegria e Domingo no Parque, que deflagrou o movimento tropicalista, tudo que eles gravaram, fizeram e aprontaram foi do meu conhecimento. Daquele período guardei fragmentos da letra e parte da melodia de Ai de mim, Copacabana, composta e gravada por Caetano em parceria com o jornalista e poeta piauiense Torquato Neto e de que nunca mais soube e que nunca fez parte da discografia oficial de Caetano. A canção Ai de mim, Copacabana, foi gravada em compacto simples ou duplo e jamais incluída em um dos seus discos de carreira. Por mais que procurasse nos programas de baixar música, fazer downloads sempre dava como resultado a sua ausência ou a informação “não encontrado”.
Quanto a Torquato
Neto foi um poeta de curta passagem pela música brasileira, mas onde deixou
alguns clássicos nas vozes de grandes interpretes como Elis, Nara, Betânia, Gil, Edu Lobo, sendo letrista de Pra dizer adeus, Vento de maio, Louvação,
Veleiro, Zabelê, Rancho da rosa encarnada e outras mais. Mas, foi como um
dos tropicalistas que Torquato deixou
sua marca indelével em canções que deram régua e compasso ao movimento dos
baianos em letras definitivas onde a colagem, a fragmentação, o uso de palavras
no mesmo verso que se complementavam como frase ou se opunha como ideia,
ficou como marca da poesia tropicalista.
Quem há de negar a beleza de Geleia geral (o poeta desfolha a bandeira...), Mamãe Coragem, Soy loco por ti América, A coisa mais linda que existe, Domingou, Marginália II, que Torquato Neto compôs com parceiros da Tropicália e representam momentos inesquecíveis do grande poeta que ele foi, até o momento que não aguentou mais, pediu prá descer, apagou a luz, fechou a porta e abriu o gás. “Existirmos a que será que se destina”.
Quanto a Ai
de mi, Copacabana, esta semana consegui a letra, a melodia inteira e a própria
gravação e em um download a fórceps, matando a curiosidade de uma canção talvez,
sem muita importância dentro do universo tropicalista, mas esclarecedora para
mim, de algo perdido lá pelos idos de 68,
o ano que não terminou, segundo o Zuenir
Ventura e, pelo visto prá mim, ainda não.
Fotos: Torquato Neto
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