sábado, 28 de dezembro de 2013

Quase...

Sempre que estou de volta prá casa, em Salvador, entro no quatro dos fundos e retiro de modo aleatório um LP no meio da pilha que com tristeza vejo entre outros trastes e tralhas ali depositados, fruto desta vida comprimida que a cidade grande nos impõe. A busca por qualquer LP me traz a lembrança o contato com as grandes produções musicais que as gravadoras multinacionais aqui instaladas, já foram capazes, quando o mercado era ditado e comandado por elas e que hoje são meras fotografias de um tempo bom para elas e para nós, seus consumidores. Já ouvi-lo em seu formato original, LP, é uma tarefa que requeria o pick-up, aparelho que fui substituindo por outras novidades tecnológicas, com a perda da qualidade sonora que guarda os 78 rotações, conforme apregoam ouvidos além da sensibilidade e percepção auditiva. É o tempo.

Desta vez, estive em mãos com o disco de Betânia, de 1990, em comemoração aos seus 25 anos de carreira, refletidos em uma produção impecável desde o encarte aos músicos da linhagem de Wagner Tiso, Hermeto Pascoal, Toninho Horta, Egberto Gismonti, Sivuca, Márcio Montarroyos, Jaques Morelebaum etc uma constelação estelar nem sempre possível de reunir, não só pela ausência de Sivuca, mas pela grandiosidade de artistas referenciais. Sem contar com as participações mais que especiais de João Gilberto, Nina Simone, Gal Costa, Fátima Guedes, Almir Satter nesta superprodução em homenagem a Betânia.

Do disco, entre outras pérolas, destaco uma canção bonita e antiga de Mirabeau e Jorge Gonçalves que Betânia garimpou, como é de seu feito, em algum baú de guardados, a Quase e seus versos que são “pura entregação”: “Quase que eu digo agora/o seu nome sem querer/não quero que zombe/de nós toda essa gente/é por sua causa/ que eu estou tão diferente”.
Vídeo: Youtube (Betânia - Quase)

Nenhum comentário:

Postar um comentário