Como se não bastasse o constrangimento da
prisão, a ausência da liberdade fruto de um processo jurídico arbitrário e
tendencioso, onde o direito de defesa foi cerceado, num jogo previamente
marcado, em que etapas foram sendo suprimidas no afã da condenação, a cada dia
cria-se, com a conivência da grande mídia, um fato novo torturante e indigno.
Tortura que, aliás, a Folha de São Paulo
conhece muito bem, já que disponibilizava seus veículos no transporte de presos
políticos para as sessões de crueldade nas dependências do DOI-CODI, o braço sanguinário da OBAN - Operação Bandeirante - em São Paulo.
Os livros entregues por amigos ao presidiário José Dirceu foram confiscados pela
direção do cárcere e doados à biblioteca do Presídio da Papuda e determinando a ele o tempo possível de
leitura, mesmo que o preso tenha cumprido as suas obrigações prisionais, como
conservação da cela e a manutenção de um comportamento respeitoso com os
servidores e demais condenados. Privação da liberdade não satisfaz os algozes
da liberdade e da democracia é preciso mais, é necessário uma descompostura
diária, uma dose de veneno permanente para saciar a sede interminável de
vingança e ódio.
Em artigo recente a jornalista Hildegard Angel, irmã de Stuart Angel e filha de Zuzu Angel mortos pela ditadura militar,
chama a atenção para um processo em andamento na criação de um clima golpista que
não difere em nada do cenário pré-64, em que hoje uma classe média também histérica
e uma juventude despolitizada e barulhenta via redes sociais servem a estes
despropósitos como inocentes úteis aos fomentadores de crises. São perceptíveis
estes sinais, estes indicativos que serão explicitados na próxima campanha
eleitoral para a presidência da república. “É preciso estar atento e forte, não
temos tempo de temer a morte”.
Foto: Ilustrativa
Nenhum comentário:
Postar um comentário