segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

As carpideiras da democracia.

Como se não bastasse o constrangimento da prisão, a ausência da liberdade fruto de um processo jurídico arbitrário e tendencioso, onde o direito de defesa foi cerceado, num jogo previamente marcado, em que etapas foram sendo suprimidas no afã da condenação, a cada dia cria-se, com a conivência da grande mídia, um fato novo torturante e indigno. Tortura que, aliás, a Folha de São Paulo conhece muito bem, já que disponibilizava seus veículos no transporte de presos políticos para as sessões de crueldade nas dependências do DOI-CODI, o braço sanguinário da OBAN - Operação Bandeirante - em São Paulo.

Os livros entregues por amigos ao presidiário José Dirceu foram confiscados pela direção do cárcere e doados à biblioteca do Presídio da Papuda e determinando a ele o tempo possível de leitura, mesmo que o preso tenha cumprido as suas obrigações prisionais, como conservação da cela e a manutenção de um comportamento respeitoso com os servidores e demais condenados. Privação da liberdade não satisfaz os algozes da liberdade e da democracia é preciso mais, é necessário uma descompostura diária, uma dose de veneno permanente para saciar a sede interminável de vingança e ódio.

Em artigo recente a jornalista Hildegard Angel, irmã de Stuart Angel e filha de Zuzu Angel mortos pela ditadura militar, chama a atenção para um processo em andamento na criação de um clima golpista que não difere em nada do cenário pré-64, em que hoje uma classe média também histérica e uma juventude despolitizada e barulhenta via redes sociais servem a estes despropósitos como inocentes úteis aos fomentadores de crises. São perceptíveis estes sinais, estes indicativos que serão explicitados na próxima campanha eleitoral para a presidência da república. “É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte”.

Foto: Ilustrativa
 

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