A conceituada e séria Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA escolheu os destaques do ano em vários campos das artes como o teatro em que o espetáculo Nossa cidade do diretor Antunes Filho foi o premiado, além da escolha de Débora Falabella como melhor atriz, pela peça Contrações.
No cinema a premiação coube ao filme O som ao redor do diretor Kléber Mendonça Filho, bem como o ator Rodrigo Garcia pelo desconcertante Tatuagem,
filme que assisti, mas que não me motivou nenhum comentário ou palpite tal o
impacto das suas cenas e o seu caráter transgressor. Devo voltar a ver Tatuagem com o olhar aliviado, menos escandalizado,
após a absorção de seu roteiro e suas cenas inquietantes de nudez e antropofagia
sexual.
Na música popular foi prestada uma homenagem especial
a cantora Ângela Maria, pelo conjunto
da obra e o “rapper” Emicida escolhido
como melhor intérprete e Arnaldo Antunes
como o melhor compositor. O melhor disco recaiu sobre uma banda jovem do Rio Grande do Sul, o Apanhador só, e o surpreendente disco Antes que tu conte outra. Bebendo nas
águas do experimentalismo que tanto pode ir de Walter Smetak, o bruxo baiano inventor de seus próprios instrumentos
nos anos 70, como a sonoridade de Hermeto
Pascoal e a busca de sons nos mais estranhos materiais, embalados por uma
levada “rock” com guitarras distorcidas e letras “ispertas” e bem sacadas.
Comecei a ouvir o disco, Antes que tu conte outra, após download disponibilizado na página da própria banda
e a cada faixa uma surpresa, um estranhamento, um alívio de que nem tudo é a
mesmice das nossas bandas pop do grande “esquemão” comercial. Juventude tem que
ser sempre sinônimo de ousadia, de busca pelo novo, pelo inusitado, aliado a um
talento musical que se reflete nesta busca inovadora. O Apanhador só, possivelmente não tocará no rádio, pior para o rádio
e seus luans santanas e quejandos.
Foto: Capa do CD Antes que tu conte outra
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