terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Elas, as moscas.


Segundo os biólogos de botequim, isto, a avalanche de mosca sobre tudo e todos, é consequência das chuvas, pois elas ficam azucrinadas e desandam a voar por onde não deviam, como se houvesse espaço em que elas, as moscas, fossem impedidas de transitar. Não há. Como, por exemplo, na Churrascaria Silva onde elas ocupam as mesas em tal quantidade que humilham os grãos de feijão pescados no tropeiro, ao ponto de não se saber, quem é quem.

Mas, aqui entre nós, penso que tomei banho na cacimba da Leste, peguei como esponja os restos de raízes em decomposição, vesti os trapos do mendigo Joãozinho Beija-Flor no Carnaval de 1989, para que elas, as moscas, se aproximassem de mim com esta intensidade, esta intimidade que me cobrem e invadem meu copo de cerveja, meus óculos, meu jornal, de antes de ontem, o pobre do MP4 cujo ruído é muito mais silencioso e modesto que o zumbido delas e a sua impertinência.

Foto: Ilustrativa

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