quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Eu entendo Renan.


Só quem já teve muito cabelo ou hoje sofre o desconforto de sua falta, saberá entender a aflição capilar do Presidente do Senado em recompor a sua imagem, as suas madeixas, já que a da instituição que ele preside há muito foi pro brejo. Algo que suas excelências, quase digo excrescências, não se descuidam e estão sempre a zelar pelas aparências que enganam, mas não mentem, como o preto graúna do bigode e dos três ou quatro fios da cabeleira de Zé Sarney. Assim também como o castanho claro, quase louro da peruca do paranaense Álvaro Dias, ou da pele espichada e luzidia do ex-senador pelo Amazonas, o prefeito Artur Virgílio, adquirida após doses cavalares de botox.

Quando trabalhei, por pouco tempo, na Delegacia Regional da Fazenda, em Jacobina, notava que a cada manhã, após o banho, o pente que me penteava apresentava um grande volume de fios de cabelos, sinalizando a sua queda. Mas, como tinha muito não me preocupava com aquela situação, nem procurei a causa do abandono, nem um modo de deter a fuga de todos aqueles fios. Deixei de observar a frequência com aqueles fios me abandonavam, voltei pra Salvador e só muito tempo depois em um salão, depois do corte de cabelo fui posto em frente, ou atrás de uma realidade que já vinha convivendo sem me dar conta. Ao colocar o espelho sobre as minhas costas para que visse a imagem refletida no outro espelho em minha frente, quanto a qualidade do corte obtido, fui tomado pelo espanto de uma enorme área devastada em minha cabeleira e a instalação irreversível de uma pista de pouso para moscas e muriçocas. Estava calvo e nada mais havia a fazer.

Deste modo quando o senador Renan Calheiros, o Presidente do Senado Federal, utiliza uma avião da FAB para o seu deslocamento até Recife para uma sessão de implante capilar ele está a serviço da preservação da imagem do país no exterior e no interior das Alagoas onde está a seu público, sua plateia, que lhe cobre de aplausos e votos, ao invés de porrada, como devido. Assim, tanto faz um avião da FAB, uma ambulância do SAMU, um tanque de guerra, a esquadrilha da fumaça, o brucutu do BOPE, tudo pela imagem da República, como a pensão alimentícia de sua amante paga por um lobista da Construtora Mendes Júnior. Na Cosa Nostra, como em qualquer sociedade, tudo se sabe.

Fotomontagem: Yahoo

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