terça-feira, 3 de dezembro de 2013

O Som Imaginário


Tive no programa Beto Brito, da Rádio Globo – RJ, nesta madrugada, a boa surpresa de voltar a ouvir o Tavito interpretando, talvez, o seu maior sucesso, Rua Ramalhete, a sua música de maior visibilidade, ainda que fosse um dos autores de Casa de Campo, composição sempre atribuída a Zé Rodrix, como única autoria. Tavito foi da mesma geração do MAU - Movimento Artístico Universitário, que nos anos 70 reunia futuros artistas como Gonzaguinha, Ivan Lins, Antonio Adolfo, Guarabira e o Grupo Manifesto e um grupo de jovens músicos ávidos por oportunidades e consolidação de uma carreira musical.

Mas a lembrança de Tavito me levou a um grupo de música instrumental e às vezes vocal, o Som Imaginário que agregava músicos como Wagner Tiso, Zé Rodrix, Robertinho Silva, Luis Alves, Naná Vasconcelos além do próprio Tavito, entre outras feras e representava à época o que de mais vanguardista havia em nossa música. Por razões óbvias, pela origem de seus músicos, o grupo ficou intimamente ligado a um som de Minas Gerais que já despontava com seu maior representante musical, Milton Nascimento. O Som Imaginário passou a acompanhar o Milton e de algum modo fazer parte daquilo que iria se transformar no Clube da Esquina.

Cheguei a ter um dos discos do Som Imaginário, o último a ser gravado, A matança dos Porcos onde se percebia influência do som de grupos de rock progressivo a exemplo do Yes, Pink Floyd, Emerson Lake and Plamer. O Som Imaginário é responsável pela massa sonora de Milagre dos Peixes, o disco de Milton Nascimento, que mais sofreu as tesouradas da censura e, que parte das suas letras ou a sua ausência eram compensadas e sustentadas pelos vocalizes de Milton, por gritos, gemidos e pelos solos e arranjos do Som Imaginário

O grupo se desfez e se espalhou em carreiras solos ou como acompanhante de novos artistas. Tavito, por exemplo, ainda continua sua carreira sem a frequência de sua produção inicial cujos três primeiros LPs ainda guardo, sem muito cuidado, visto que amontoados uns sobre os outros no quarto do fundo do nosso apartamento, por falta de espaço nos demais cômodos para os tão queridos vinis.

Foto: Som Imaginário (Tavito, o primeiro à direita)

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