domingo, 1 de dezembro de 2013

Catando poesia que entornas no chão.


Bom acordar com a canção de Dolores Duran, a bonita Ternura antiga, interpretada por Betânia e Alcione, em que versos “sim, eu não te amo porque quero/ai, se eu pudesse esqueceria/vivo e vivo só porque te espero/ai, esta amargura/e esta agonia”, ganham a dimensão de paixões dilacerantes. Triste, mas uma tristeza boa, que a luz da manhã deste domingo, que imagino ensolarado, reconforta e nos faz feliz, afinal outro poeta já disse “ninguém tem nada de bom, sem sofrer”

Penso nos versos de Dolores e de Vinicius pinçados na canção popular e, recorro a uma discussão antiga se letra de música popular é, ou não, poesia. As questões de vestibulares de universidades de ponta, sempre estão colocando para analise e interpretação do candidato, versos de Aldir Blanc, Chico Buarque, Abel Silva, Fernando Brandt, Caetano, lugares que já foram e, claro, ainda são ocupados muito justamente por João Cabral do Melo Neto, Manuel Bandeira Jorge de Lima, Drummond, Cecília Meireles.  

O que ocorre talvez, seja a familiaridade com os versos da canção popular, pela facilidade da audição, do contato, mesmo que estes versos, assim como os dos poetas propriamente ditos, não façam parte dos hábitos musicais e literários de parte dos vestibulandos. Quanto a qualidade dos versos é inegável e merecida a presença dos compositores populares nas provas de português, afinal “passas em exposição/passas sem ver tua vigia/catando a poesia/que entornas no chão” é a poesia, mesmo, de Chico em As vitrines.

Foto: Ilustrativa 

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