Bom acordar com a canção de Dolores Duran, a bonita Ternura antiga, interpretada por Betânia e Alcione, em que versos “sim, eu não te amo porque quero/ai, se eu pudesse esqueceria/vivo e vivo só porque te espero/ai, esta amargura/e esta agonia”, ganham a dimensão de paixões dilacerantes. Triste, mas uma tristeza boa, que a luz da manhã deste domingo, que imagino ensolarado, reconforta e nos faz feliz, afinal outro poeta já disse “ninguém tem nada de bom, sem sofrer”
Penso nos versos de Dolores e de Vinicius
pinçados na canção popular e, recorro a uma discussão antiga se letra de música
popular é, ou não, poesia. As questões de vestibulares de universidades de
ponta, sempre estão colocando para analise e interpretação do candidato, versos
de Aldir Blanc, Chico Buarque, Abel
Silva, Fernando Brandt, Caetano, lugares que já foram e, claro, ainda são
ocupados muito justamente por João Cabral
do Melo Neto, Manuel Bandeira Jorge de Lima, Drummond, Cecília Meireles.
O
que ocorre talvez, seja a familiaridade com os versos da canção popular, pela
facilidade da audição, do contato, mesmo que estes versos, assim como os dos
poetas propriamente ditos, não façam parte dos hábitos musicais e literários de
parte dos vestibulandos. Quanto a qualidade dos versos é inegável e merecida a
presença dos compositores populares nas provas de português, afinal “passas em
exposição/passas sem ver tua vigia/catando a poesia/que entornas no chão” é a poesia,
mesmo, de Chico em As vitrines.
Foto: Ilustrativa
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