sábado, 28 de fevereiro de 2015

Acordando de sonhos intranquilos

Em Morro do Chapéu peguei de modo aleatório um livro na estante da casa da cunhada, onde sempre fico, e caiu nas minhas mãos primeiro exemplar de Histórias de Piritiba que depois de tanto tempo voltei a reler e ri. Considero, talvez pelo início de se constituir tempos depois, em uma trilogia, o melhor que seus autores conseguiram, em que modestamente me incluo, não que depois daí, nada de novo tenha se justificado, claro que não, mas pelo fato de ter sido uma especie de fecho do cerco que diz o dito popular, "todo homem tem que ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro". Não necessariamente nesta ordem.

Tudo aquilo em que contribui naquelas histórias foi escrito longe de lá, até porque as lembranças boas e más não guardam raízes com o lugar, o espaço físico onde elas aconteceram, mas grudam feito chiclete em nossa memória que o fato de escrever torna-se um exercício de exorcizar demônios ou buscar sentido para aquilo em que acabamos por nos transformar.

Hoje, vivendo temporariamente por lá, e o mal estar que me causa permanecer em breves dias por lá, não me motivaria mais para novas empreitadas, a fonte secou e o que restou foram águas turvas de um riacho que insiste em não morrer. Ando em seus lugares feito um zumbi, como nas raríssimas vezes em que contemplo sua praça principal, vejo fantasmas, doces e ternos como Quinzinho, Dona Carmú, Antonio Venceslau, Dona Amélia, José Neves, Davino Thieres, Dona Amelinha, Miranda, Professor Osvaldo, Dona Jola, Seo Silvano, Dona Francisca, Dona Adélia, Ioiô Santana, Dona Maria, Seo Vicente, Josué, Dona Anita, Seo Inácio e Julita, Seo Aderito, Dona Rute e mais. Certa manhã acordei de sonhos intranquilos. 

Foto: Ilustrativa

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