terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Tudo nosso, nada deles

O jornal O Globo, edição de ontem, trouxe na primeira página de seu Segundo Caderno reportagem de página inteira sobre Ygor Kanário pagodeiro arrependido do carnaval baiano, que passou de baderneiro, proibido de se apresentar por dois anos no Carnaval, a queridinho da folia, protegido do prefeito ACM Neto. O que é a natureza!

Para quem se diz porta voz da periferia, dos marginalizados, dos pobres e pretos das favelas da cidade soa estranho receber a reportagem do jornal carioca na cobertura de um prédio de alto padrão no Jardim Armação, em Salvador, a quem revela que desde criança já demonstrava sinais de liderança nas quebradas da periferia da capital baiana.

A razão do sucesso nasceu polêmica. “Tudo nosso, nada deles”, música mais comentada do carnaval baiano, vem do bordão usado em disputas de facções, que ele assume e se declara “barril dobrado”, gíria que significa problemático. “Hoje estou melhor assessorado, mas essa coisa de ser exemplo é difícil, mesmo que não queira tenho que me policiar por conta das crianças e dos adolescentes”. Pode ser, mas para quem em 2012, ainda como vocalista da banda A Bronka, cantava versos como “pega o prato, faz a linha, dá um tiro na farinha” numa clara referência ao consumo de cocaína, fica a dúvida até onde este rapaz pode ou quer chegar.

Foto: Igor Kanário

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