Assim que soube que a dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó tinha gravado o CD
Tom do Sertão com músicas de Tom Jobim e seus parceiros, em especial
Vinicius de Moraes, tive a
curiosidade de ouvir o resultado da investida destes sertanejos vitoriosos.
A primeira faixa que escutei foi Modinha
e fui arrebatado pelo belo arranjo de viola sertaneja e acordeom nesta canção
que me parecia intocável desde a gravação de Elis no antológico disco Elis
e Tom, mas o resultado é encantador. Mesmo estando desacostumado e pouco
familiarizado com timbre desagradável de Chitãozinho,
extremamente agudo, é tudo tão bem equacionando desde as orquestrações como as violas,
violões, sanfonas, percussões que os senões ficam em certas escolhas que
poderiam ter sido outras.
Se a intenção era procurar este lado regional,
a natureza, a paisagem no repertório do grande maestro e nele encaixar os
elementos sonoros que compõem o universo da dupla, é precisa a escolha de Águas de março, Correnteza, Caminho de
Pedra, Chovendo na roseira, Estrada branca, o que não acontece em Chega de saudade, Eu não existo sem você,
Caminhos cruzados, Sé por falta de adeus entre outros. Por outro, Se todos fossem iguais a você em ritmo
de marcha rancho foi bem sacada a ideia e o resultado bonito.
Para eu, você,
nos dois, que estamos condicionados a estas canções em outras roupagens e
outros interpretes pode até ser um choque cultural, ou mesmo preconceituoso,
mas passados os primeiros momentos de estranheza a música soberana de Tom Jobim cumpre como sempre o seu
papel, mesmo com estes novos interpretes. Se o produtor do disco, o músico e cantor
Edgard Poças, o irmão de Céu, tivesse me consultado
(brincadeira) poderia ter sugerido Estrada
do sol, O boto, Sabiá etc. O dedilhar de viola em Eu sei que vou te amar bate como um sino dentro do peito. Bonito de
ouvir.
Foto: Chitãozinho e Xororó
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