sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Caro Francis

Conheci o Paulo Francis através dos textos do Pasquim nos aos 70. Quase sempre sobre política internacional, comportamento, cinema, teatro sempre de forma critica, em que ele derramava toda a sua capacidade intelectual, muita informação, ironia, acidez, mas sempre brilhante, mesmo quando não se concordava com que ele discorria. Como colaborador do Pasquim, não morava por aqui, mas nos Estados Unidos onde fixou residência desde muito cedo, talvez logo após o golpe militar de 64, mas por opção que por razões políticas, assim como o Ivan Lessa, em Londres, ambos impiedosos com o país que deixaram para trás.

Vendo no Canal Curta, o não tão novo documentário Caro Francis, do jornalista e diretor Nelson Hoineff tenta-se compreender a figura complexa e polêmica de Francis através de depoimentos de seus amigos como Fausto Wolff, Daniel Pizza, Boris Casoy, Ruy Castro, Ziraldo, Sérgio Augusto, Fernanda Montenegro entre outros e principalmente a jornalista Sônia Nolasco sua companheira por muito tempo. 

Agressivo, Francis não media as palavras, mesmo aquelas que lhe causassem processos judiciais, como suas afirmações de que os diretores da Petrobrás tinham contas na Suíça e que a estatal era dirigida por uma quadrilha, o que motivou uma ação judicial pelo então presidente Joel Rennó, indicado por Fernando Henrique Cardoso, em seu governo. O tempo mostrou que Francis sabia das coisas, ele que era republicano e reacionário..

Grande parte das imagens em movimento de Francis no documentário foram extraídas dos programas Manhattan Connection, que a TV Globo transmitia diretamente de Nova York, em que ele dizia palavrões, cantava marchinhas de carnaval, debochava de seus colegas de bancada como o Caio Blinder, Nelson Motta ou Lucas Mendes, sem revides ou bate-bocas. 

Lendo e ouvindo o jornalismo que se faz hoje no país, sente-se a falta que Paulo Francis faz, como polemista articulado, mordaz, cáustico, mas inteligente, sem seguidores, infelizmente, por mais malabarismos intelectuais frouxos, “disse me disse” de compadres, que figuras menores e desprezíveis como Arnaldo Jabor, Olavo de Carvalho, Diogo Mainardi entre outros, reles imitadores, representam. Caro Francis

Foto: Paulo Francis

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