Conheci o Paulo
Francis através dos textos do Pasquim
nos aos 70. Quase sempre sobre política internacional, comportamento, cinema,
teatro sempre de forma critica, em que ele derramava toda a sua capacidade
intelectual, muita informação, ironia, acidez, mas sempre brilhante, mesmo
quando não se concordava com que ele discorria. Como colaborador do Pasquim, não morava por aqui, mas nos Estados Unidos onde fixou residência desde
muito cedo, talvez logo após o golpe militar de 64, mas por opção que por razões
políticas, assim como o Ivan Lessa,
em Londres, ambos impiedosos com o
país que deixaram para trás.
Vendo no Canal
Curta, o não tão novo documentário Caro
Francis, do jornalista e diretor Nelson
Hoineff tenta-se compreender a figura complexa e polêmica de Francis através de depoimentos de seus
amigos como Fausto Wolff, Daniel Pizza, Boris
Casoy, Ruy Castro, Ziraldo, Sérgio Augusto, Fernanda Montenegro entre
outros e principalmente a jornalista Sônia
Nolasco sua companheira por muito tempo.
Agressivo, Francis não media as palavras, mesmo aquelas que lhe causassem
processos judiciais, como suas afirmações de que os diretores da Petrobrás tinham contas na Suíça e que a estatal era dirigida por
uma quadrilha, o que motivou uma ação judicial pelo então presidente Joel Rennó, indicado por Fernando Henrique Cardoso, em seu
governo. O tempo mostrou que Francis
sabia das coisas, ele que era republicano e reacionário..
Grande parte das imagens em movimento de Francis no documentário foram extraídas
dos programas Manhattan Connection, que
a TV Globo transmitia diretamente de
Nova York, em que ele dizia
palavrões, cantava marchinhas de carnaval, debochava de seus colegas de bancada
como o Caio Blinder, Nelson Motta ou
Lucas Mendes, sem revides ou bate-bocas.
Lendo e ouvindo o jornalismo que se faz hoje no país, sente-se
a falta que Paulo Francis faz, como
polemista articulado, mordaz, cáustico, mas inteligente, sem seguidores, infelizmente,
por mais malabarismos intelectuais frouxos, “disse me disse” de compadres, que
figuras menores e desprezíveis como Arnaldo
Jabor, Olavo de Carvalho, Diogo Mainardi entre outros, reles imitadores, representam. Caro
Francis!
Foto: Paulo Francis
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