Antes da urbanização da Praça Getúlio Vargas, pelo prefeito Joaquim Sampaio Neto (1958-1962), havia uma lateral de seu
quadrilátero, indo do seu sobrado até a casa de Dona Adélia, que transformava a praça no ponto de encontro de quase toda a
cidade. Ali, moças em grupos, rapazes em bandos subiam e desciam como numa
espécie de gangorra social da província. Com freqüência e motivado por razões
diversas, eram formados pelotões mistos, obedecendo ao mesmo trajeto, vez por
outra modificado por alguma dupla à procura dos cantos mais escuros da praça.
Mas toda ela era um bréu, mesmo recebendo o clarão das “petromax” do bar de Josué e a luz difusa dos candeeiros das
salas das residências que ladeavam a praça.
Mas o
“footing” na Praça Getúlio Vargas,
era o que de melhor havia na cidade, principalmente aos sábados e domingos.
Mais ainda, quando retornava à terra o grande contingente de alunos em férias,
que estudavam em internatos das cidades de
Campo Formoso, Senhor do Bonfim,
Jequitibá ou Salvador. Nestas
ocasiões, o “vai e vem” se estendia até as imediações da casa de Professor Osvaldo, posteriormente Renê Navarro, tal o fluxo de pessoas em
trânsito.
Havia assuntos para todos os ouvidos e matéria
prima para a satisfação de qualquer curiosidade. As vitórias do Flamengo, os gols de Pelé, um bolero de Silvinho ou Orlando Dias,
uma paixão contida, um pecado sem confissão, a mão à palmatória. Uma saudade doendo, a alegria de uma nova
presença, os “catecismos” do Carlos
Zéfiro, as primeiras revistas de mulher nua.
Mas já era tarde... o bar de Josué fechava a sua última porta. As famílias recolhiam as cadeiras
da calçada, apagavam os candeeiros, trancavam as portas e janelas, enquanto a
praça vazia recebia os primeiros raios de luar. Cenário singelo ocupado por
jovens seresteiros sem violão, sem cavaquinho, sem voz. As canções se espalhavam
sob o céu de nossa cidade, quebrando o silêncio das ruas, pela boca do alto
falante de uma radiola Philips
portátil.
Foto: Pça. Getúlio Vargas - Piritiba-Ba
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