quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Órfãos do Oscar

Mais uma vez o nosso cinema fica de fora da festa do Oscar em uma possível concorrência a melhor filme estrangeiro, dentro do espetáculo da cinematografia americana, que em termos de mercado, significa do mundo. Quem sabe culpa nossa e dessa tendência caça níquel, ditada pelas Organizações Globo, com esta avalanche de comédias de seus artistas e por ela distribuída por todo país, seu único e último mercado consumidor. Ou desta interminável serie de documentários sobre nossos ídolos ou grandes personalidades (Tim Maia, Cássia Eller, Irmã Dulce, Chico Xavier etc) que só a nós interessam e cobrimos a sua bilheteria, a quem Hollywood faz muxoxo ou nem isso.

Este ano, o filme escolhido pelo Ministério da Cultura, para representar o cinema brasileiro, até que foi uma boa escolha e um bom filme, talvez não para os padrões moralistas da Academia de Críticos de Hollywood. O filme Hoje eu quero voltar sozinho trata de um adolescente cego de 15 anos que busca ser independente em uma sociedade protetora e acaba por se apaixonar por seu amigo Gabriel, estudante do ensino médio como ele, ao tempo que desperta interesse também por sua colega Geovana

Não é um filme cuja temática seja homossexual, mas que acompanha a descoberta da sexualidade dos garotos de modo sensível, numa linguagem universal e compreensível em qualquer país do mundo. Hollywood não viu nada disso, tanto que não selecionou o filme do Daniel Ribeiro para a disputa de melhor filme estrangeiro.

A nossa compensação deste complexo de Oscar, poderia ter vindo com o documentário Sal da terra, filme sobre o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, dirigido por seu filho Juliano Salgado e o consagrado diretor alemão Win Wenders, mas que acabou sucumbindo diante do filme sobre o vazamento de segredos americanos por Edward Snowden. E assim continuamos órfãos do Oscar.

Foto: Hoje eu quero voltar sozinho

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