Um documentário no Canal Curta mostrou, recentemente, o fenômeno musical brasileiro,
embora portuguesa de nascimento, que foi a artista Carmen Miranda, algo que precisa ser mais bem difundido e estudado,
principalmente pelas novas gerações. Quando se fala em sucesso, hoje, de
artistas brasileiros nos Estados Unidos
ele se limita ao reconhecimento entre músicos, intelectuais, crítica e público
bem informado de camadas universitárias, mas com Carmem era “arrasa quarteirão” mesmo, tinha Hollywood aos seus pés. Qualquer diretor, artista, técnico queria
trabalhar com ela, pois dava a certeza de grande retorno, estrondoso sucesso de
público, boas bilheterias e contratos milionários.
Mas, se tudo tem seu preço, Carmem Miranda pagou caro ao país onde
tudo começou, aqui mesmo entre nós. A elite nativa sempre viu a nossa
representante maior no exterior como uma papagaiada prá turista ver. Pela
extravagância de seus hábitos, suas indumentárias, a referência em suas
apresentações a um dos nossos frutos mais populares, a banana e, muito verde e
amarelo, enfim pelo sucesso mesmo, que acaba incomodando aos que não tem, mesmo
tendo também muito dinheiro. E nessa desconfiança quanto ao seu talento e ao seu
tipo espalhafatoso para os padrões burgueses, ela foi vaiada no Copacabana Palace em uma apresentação
quando vivia o auge de seu sucesso americano.
Chorou e prometeu não voltar a se
apresentar para aquele público, mas sim, para as grandes massas de admiradores
e o povo do morro com quem sempre guardou afinidade, reconhecimento e respeito.
Para este público gravou, na volta aos Estados
Unidos, o samba de Luis Peixoto e
Vicente Paiva, o debochado desbafo Disseram
que voltei americanizada (“com o “burro” do dinheiro, que estou muito rica/que não suporto mais o breque do pandeiro/que fico arrepiada ouvindo uma cuíca/mas
prá cima de mim, prá que tanto veneno”).
Foto: Carmem Miranda
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