Já final da apresentação do Casuarina, na Caixa Cultural, este mês, foi anunciada a participação especial de Alice Caymmi, que segundo o percussionista
e vocalista do grupo, João Cavalcanti,
tratava-se de um novo talento na música brasileira e de sua admiração pela jovem
e transgressora intérprete. E a filha de Danilo
fez jus aos elogios e, de fato junta-se aos novos nomes de nossa música num espaço
já ocupado por Tulipa Ruiz, Tiê, Céu,
Felipe Catto, Silva, Jussara Marçal entre outros promissores artistas.
Quanto à transgressão ficaria para as suas apresentações solo e para o seu
segundo disco, recentemente lançado, o elogiado Rainha dos raios onde Alice
exercita seu vozeirão em canções, a maioria já gravadas, e que só a sua ousadia
poderia lhe levar a um terreno onde as comparações costumam ser desfavoráveis.
Mas Alice sai ilesa.
A balada brega que embalou o sonho e som de 10
entre 10 estrelas da Jovem Guarda,
como Lilian, Martinha, Diana, Perla
etc, a versão em português de Soy
rebelde, ganha em sua voz um sentido quase autobiográfico (“eu sou rebelde,
porque o mundo quis assim/porque nunca me tratará com amor/e as pessoas se
fecharam para mim”) e confirma o caráter transgressor com que foi saudada.
Nesta altura do campeonato, quem se arriscaria gravar, por exemplo, Meu mundo caiu, grande sucesso da
inesquecível Maysa, nos anos 50, sem
parecer piegas e saudosista, pois Alice foi
capaz de tornar o samba-canção em uma modernidade que não se suspeitava. Até
mesmo a intocável, pois uma pérola de Gil
e Caetano, a linda Iansã, com
seu arranjo quase indissociável da canção, adquire na voz de Alice a originalidade que se julgava
perdida, tal a força que Betânia
imprimiu aos seus versos carregados de simbolismo, no disco Drama.
Caetano
ainda comparece em dois momentos do disco, em Jasper, de seu CD Estrangeiro
e em Homem, de Cê, onde versos duros como “não tenho
inveja da maternidade/nem da lactação/não tenho inveja da adiposidade/nem da menstruação/só
tenho inveja da longevidade/e dos orgasmos múltiplos/e dos orgasmos múltiplos”
que tanto podem caber em seu autor, como em Alice, pela ousadia. Os gritos e sussurros introduzidos no arranjo, fizeram da canção erótica dos anos 70, Je t'aime moi nun plus, do francês Serge Gainsbourg, na voz de Jane Birkin, algo puro como uma canção de ninar.
Bacana! Assim, se o rádio de seu carro ou um programa de televisão anunciar a voz ou a presença de Alice, perca ou ganhe o tempo que tiver, pois ouvir e ver Alice é estar diante de uma artista em ebulição. O lançamento deste disco pelo selo Joia Moderna, caí como um chapéu em significado, pois estamos de fato frente a uma preciosidade. Salve Alice!
Bacana! Assim, se o rádio de seu carro ou um programa de televisão anunciar a voz ou a presença de Alice, perca ou ganhe o tempo que tiver, pois ouvir e ver Alice é estar diante de uma artista em ebulição. O lançamento deste disco pelo selo Joia Moderna, caí como um chapéu em significado, pois estamos de fato frente a uma preciosidade. Salve Alice!
Foto: Alice Caymmi
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