domingo, 28 de dezembro de 2014

O machado de Assis

Os nossos geniais escritores nem sempre tiveram atitudes brilhantes assim como são seus escritos, romances, poemas, textos e criticas a exemplo de Machado de Assis que derrapou feio ao se tornar censor na corte do Imperador dom Pedro II. Como crítico de teatro foi alçado a condição de censor do Conservatório Dramático, órgão do Império responsável em liberar o que podia e não podia ser visto pela sociedade da época, conforme nos conta Leandro Narloch em seu livro Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil.

Quem nos deu obras definitivas em nossa literatura como Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cuba, O Alienista, bem que poderia ter nos poupado de vexames como o seu texto censório sobre uma peça de teatro: “Não posso dar meu voto de aprovação ao drama, visto a exaltação se faz da paixão diante do dever, tal é o assunto, e tais as conclusões, que é um serviço à moral pública proibir a representação desta peça. E se o pudor da cena ganha com essa interdição, não menos ganha o bom gosto, que não terá à ilharga de boas composições esta que é um feixe de incongruências e nada mais”.

Da arrazoada justificativa fica a corrida ao dicionário em busca do significado de “ilharga” nas explicações em si, algo até civilizado diante da grosseria dos censores pós-68 que simplesmente riscavam o texto com um enorme “X” sem nada dizer e estamos conversados; quem não gostasse poderia fazer uma visita indesejada ao DOI-CODI ou a OBAN. A censura é um mal desnecessário. 

Foto: Ilustrativa

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